FOLHA DE S. PAULO
Corte do crédito foi bem maior na banca privada nacional, em contraste com "estrangeiros"; sem estatais, crise seria radical
SABE-SE LÁ o que o governo pode vir a aprontar nos bancos estatais depois que Lula mandou a Caixa e o Banco do Brasil baixarem os juros na marra, se é que isso vai acontecer. Mas, até agora, se não fosse devido à Caixa, ao BB e ao BNDES, para nem mencionar os subsídios federais ao consumo, o país teria entrado em recessão muito feia. Se a economia dependesse apenas dos bancos privados de capital nacional, basicamente Itaú-Unibanco e Bradesco, a situação seria ainda pior.
De janeiro a setembro de 2008, antes da explosão da crise, a banca privada de capital nacional respondia por 47% do aumento médio mensal do saldo de crédito. Os privados de capital estrangeiro ficavam com 18%. Os bancos estatais ou "públicos", com os 35% restantes.
De outubro de 2008 a março deste ano, tal proporção mudou radicalmente. Os bancos públicos passaram a responder por 82% do aumento médio mensal do saldo de crédito; a participação da banca privada nacional caiu daqueles 47% anteriores à crise para 8%. A da banca estrangeira caiu de 18% para 10%.
Em março, a situação era quase a mesma. Os estatais foram responsáveis por 80,5% do aumento do saldo de crédito, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central.
No total do saldo de créditos, a participação dos bancos públicos é de 37,6%, ante 34,3% antes do início da crise, mesmo assim uma mudança de fatia de mercado muito grande em período tão curto. Mas, "na margem", quem segurou a peteca foram os estatais. Por ora, a julgar pelos dados do BC, a qualidade do crédito dos bancos públicos é até ligeiramente melhor que a dos privados, na carteira total (que diferem muito).
A ofensiva estatal vai dar em créditos ruins? Não se sabe se os estatais arriscam mais ou apenas ocupam o espaço da retranca excessiva da banca privada. Mas o BC, em tese, está aí para alertar o público.
No geral, graças aos estatais, o saldo de crédito cresceu 1% março, maior incremento desde dezembro.
Os bancos, na média, devolveram a "gordura" que comiam desde outubro, quando "spreads" e juros explodiram. Em março, o custo do dinheiro para o tomador do empréstimo caiu tanto quanto o custo para o banco captar dinheiro (na comparação com outubro). Ou seja, os bancos enfim repassaram para os clientes, na média, a queda de custo que tiveram desde outubro de 2008.
Para empresas, a média diária de concessões de crédito (isto é, dinheiro novo) subiu 14% em março em relação ao fundo do poço de janeiro. Isto é, se considerado só o crédito doméstico. Contados também empréstimos externos, a média do primeiro trimestre de 2009 ainda é 6% inferior à do mesmo período de 2008. Na margem, o crédito externo para empresas ainda piora.
O total do saldo de crédito para o consumidor adquirir bens caiu pelo quinto mês consecutivo (ante o mês anterior) em março. Mas, de novembro a fevereiro, o saldo caía a um ritmo dez vezes maior. A "taxa de pendura", a porcentagem das novas concessões de crédito no cheque especial e no cartão de crédito em relação ao total das novas concessões para pessoa física, caiu do pico de 68% em dezembro de 2008 para 63% em março (era de 59% na média do primeiro semestre de 2008).
Corte do crédito foi bem maior na banca privada nacional, em contraste com "estrangeiros"; sem estatais, crise seria radical
SABE-SE LÁ o que o governo pode vir a aprontar nos bancos estatais depois que Lula mandou a Caixa e o Banco do Brasil baixarem os juros na marra, se é que isso vai acontecer. Mas, até agora, se não fosse devido à Caixa, ao BB e ao BNDES, para nem mencionar os subsídios federais ao consumo, o país teria entrado em recessão muito feia. Se a economia dependesse apenas dos bancos privados de capital nacional, basicamente Itaú-Unibanco e Bradesco, a situação seria ainda pior.
De janeiro a setembro de 2008, antes da explosão da crise, a banca privada de capital nacional respondia por 47% do aumento médio mensal do saldo de crédito. Os privados de capital estrangeiro ficavam com 18%. Os bancos estatais ou "públicos", com os 35% restantes.
De outubro de 2008 a março deste ano, tal proporção mudou radicalmente. Os bancos públicos passaram a responder por 82% do aumento médio mensal do saldo de crédito; a participação da banca privada nacional caiu daqueles 47% anteriores à crise para 8%. A da banca estrangeira caiu de 18% para 10%.
Em março, a situação era quase a mesma. Os estatais foram responsáveis por 80,5% do aumento do saldo de crédito, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central.
No total do saldo de créditos, a participação dos bancos públicos é de 37,6%, ante 34,3% antes do início da crise, mesmo assim uma mudança de fatia de mercado muito grande em período tão curto. Mas, "na margem", quem segurou a peteca foram os estatais. Por ora, a julgar pelos dados do BC, a qualidade do crédito dos bancos públicos é até ligeiramente melhor que a dos privados, na carteira total (que diferem muito).
A ofensiva estatal vai dar em créditos ruins? Não se sabe se os estatais arriscam mais ou apenas ocupam o espaço da retranca excessiva da banca privada. Mas o BC, em tese, está aí para alertar o público.
No geral, graças aos estatais, o saldo de crédito cresceu 1% março, maior incremento desde dezembro.
Os bancos, na média, devolveram a "gordura" que comiam desde outubro, quando "spreads" e juros explodiram. Em março, o custo do dinheiro para o tomador do empréstimo caiu tanto quanto o custo para o banco captar dinheiro (na comparação com outubro). Ou seja, os bancos enfim repassaram para os clientes, na média, a queda de custo que tiveram desde outubro de 2008.
Para empresas, a média diária de concessões de crédito (isto é, dinheiro novo) subiu 14% em março em relação ao fundo do poço de janeiro. Isto é, se considerado só o crédito doméstico. Contados também empréstimos externos, a média do primeiro trimestre de 2009 ainda é 6% inferior à do mesmo período de 2008. Na margem, o crédito externo para empresas ainda piora.
O total do saldo de crédito para o consumidor adquirir bens caiu pelo quinto mês consecutivo (ante o mês anterior) em março. Mas, de novembro a fevereiro, o saldo caía a um ritmo dez vezes maior. A "taxa de pendura", a porcentagem das novas concessões de crédito no cheque especial e no cartão de crédito em relação ao total das novas concessões para pessoa física, caiu do pico de 68% em dezembro de 2008 para 63% em março (era de 59% na média do primeiro semestre de 2008).