Detritos de campanha DEMÉTRIO MAGNOLI
Política

Detritos de campanha DEMÉTRIO MAGNOLI


O GLOBO

Aécio tem o direito de lamentar, mas não o de reclamar: Minas Gerais conferiu o triunfo a Dilma. Os 3,3 milhões de votos que separaram a presidente do desafiante correspondem à soma quase exata da vantagem que ela obteve em Minas com a diferença que, meses atrás, ele planejou alcançar em "seu" estado.

Minas é um "Brasil em miniatura" num sentido bem preciso: sua porção norte exibe indicadores sociais similares aos do Nordeste, contrastantes com os da parte sul. A vitória da presidente candidata reflete a força esmagadora do aparelho de Estado. No Brasil, como em tantos outros países ainda marcados por carências e desigualdades sociais, o governo quase sempre tem os votos dos mais pobres.

Analistas superficiais apontam para um elemento de continuidade: a persistência da polarização entre PT e PSDB, um traço da política brasileira que completa duas décadas. Entretanto, a eleição de ontem singulariza-se por um elemento de ruptura. O lulopetismo venceu três eleições sucessivas por larga maioria, mas, agora, triunfou quase no fio de cabelo. Mais: o PT perdeu por amplas margens no eleitorado urbano das grandes e médias cidades do Centro-Sul, uma tendência que observamos, em menor escala, nos pleitos de 2006 e 2010. A base política do governo deslocou-se para longe dos polos sociais e econômicos mais dinâmicos.

Para vencer, a campanha de Dilma desceu aos subterrâneos, bombardeando todos os adversários com insultos e calúnias. Eduardo Campos ("playboy mimado"), Marina Silva ("pretende tirar a comida da mesa dos pobres") e Aécio ("alcoólatra, drogado e violento com as mulheres") foram tratados como "inimigos do povo". É um sinal assustador para a saúde das instituições democráticas.

No fim, a própria Dilma insurgiu-se contra o mensageiro, para fugir da mensagem, acusando a revista ''Veja'' de promover um "processo golpístico". O governo já deveria saber, 12 anos depois, que é missão da imprensa publicar sem dilação as informações que têm. O escândalo na Petrobras não desaparecerá por um arroubo de fúria do Planalto. Que o segundo mandato não seja envenenado, desde o início, por uma cruzada contra a liberdade de informar.

Leia todas as colunas...


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/detritos-de-campanha-14370233#ixzz3HLfwZetP
© 1996 - 2014. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.



loading...

- Durma Bem, Gigante -guilerme Fiuza
O GLOBO'Eis o resultado da Primavera Brasileira (...) Descansem em paz, revolucionários. Durma bem, senhor gigante' Eis o resultado da Primavera Brasileira. O famoso movimento de junho de 2013, que levou milhões às ruas e fez os entendidos...

- Campanha De Desinformação - Rogério Furquim Werneck Jornal O Globo
http://oglobo.globo.com/opiniao/campanha-de-desinformacao-14341349Dilma Rousseff passou a exibir seu pior lado. Partiu para a negação peremptória de aspectos incontestáveis da realidadeMuito ainda será dito e escrito sobre a tumultuada evolução...

- Veríssimo - Marina
A comparação da Marina com o Jânio e o Collor é gratuita, mas, se ela for eleita, entrará na lista dos nossos presidentes exóticos — o que não significa que terá o mesmo destino dos outros. Mulher, negra, com uma história pessoal de superação...

- Triângulo Das Bermudas - Merval Pereira
O GLOBO - 04/01Os principais candidatos à Presidência da República em outubro estão dedicando seus melhores esforços à formação de palanques na Região Sudeste, especialmente nos três principais colégios eleitorais, São Paulo, Rio e Minas,...

- Marina Contra Dilma:: Merval Pereira
O GLOBO A possibilidade de haver um segundo turno nas eleições presidenciais depende fundamentalmente de quanto a candidata verde, Marina Silva, vai subir nas regiões Sul e Sudeste, onde vem alcançando índices expressivos em alguns estados, acima...



Política








.