Política
Dinheiro não é tudo - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 13/09O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) está sendo insistentemente pressionado a "fazer algo mais" para reverter o alto nível de desemprego nos Estados Unidos, que vai atingindo 8,1% da força de trabalho. Não é desprezível a probabilidade de que hoje, após a reunião do comitê de política monetária, seu presidente, Ben Bernanke, anuncie nova rodada de expansão de moeda.O Fed vem inchando dramaticamente seu balanço com compras de ativos (especialmente títulos), mecanismo pelo qual injeta dinheiro no mercado. Desde 2008 já emitiu US$ 2,3 trilhões (veja histórico de medidas tomadas pelo Fed, na tentativa de recolocar em movimento a economia americana).Alguns críticos insistem em que essas operações não alcançam o efeito pretendido. A economia cresce pouco e o desemprego segue lá em cima. Bernanke tem respondido que, não fossem as intervenções do Fed, o desastre seria descomunal. Portanto, essas operações produziram, sim, argumenta ele, efeitos muito importantes.A questão seguinte consiste em saber se mais emissões de moeda mudarão significativamente as coisas. E é aí que as dúvidas persistem.O que talvez não esteja sendo levado em conta é o fato de que, nas circunstâncias, o único objetivo dos grandes bancos centrais é o aumento do emprego e não propriamente a estabilidade do valor da moeda (controle da inflação). E o aumento do emprego está esbarrando em importante revolução, a da redistribuição global do trabalho, promovida tanto pela incorporação da mão de obra dos emergentes (especialmente asiáticos) quanto pelo uso intensivo de tecnologia da informação, ferramenta que dispensa contratação de pessoal.A importância dessa redistribuição do mercado internacional do trabalho foi percebida antes da crise pelas grandes centrais sindicais dos países avançados, manifestadas por meio de queixas recorrentes de que o crescimento do comércio exterior vinha gerando mais empregos na China e fechando postos de trabalho no Ocidente. No entanto, enquanto o PIB dos países industrializados crescia entre 3% e 4% ao ano, esse fenômeno foi entendido como chorumela dos dirigentes sindicais. Agora se vê que essa redução do emprego nos países avançados pode ter vindo para ficar, sobretudo depois que o empresário percebeu que pode produzir mais com menos gente, bastando, para isso, que invista mais em tecnologia da informação.Outra explicação para a aparente falta de eficácia da ação dos grandes bancos centrais foi, em parte, apontada pelos economistas Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, no livro This time is different. De modo resumido, diferentemente do que aconteceu nas grandes crises anteriores, desta vez a pronta e rápida ação dos bancos centrais amorteceu o ajuste. Em contrapartida, exigiu mais tempo para a distribuição da conta.A questão principal não é técnica. As consequências do desemprego são exasperantes. Por mais que se argumente que os grandes bancos centrais não têm a força que lhes é atribuída, os políticos e todo o mercado financeiro querem mais ação. Quando nada, querem sentir, pelo menos por certo tempo, a impressão de que alguma coisa pode mudar. E é a esse tipo de pressão que Bernanke deve hoje responder.
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