Política
Entre o Sebastianismo e a Procuradoria-Geral (do Governo)
De Ministro a Comissário Europeu, de “candidatável” a comentador político às segundas-feiras, habituamo-nos nos últimos tempos a ver António Vitorino sempre próximo da arena política, embora evitando constantemente entrar no “pântano” da mesma.Se procurarmos fazer um flashback sobre a presença de António Vitorino nos últimos anos na arena política, verificamos que esta tem sido quase permanente. De braço direito de Guterres nos primeiros anos da sua primeira legislatura, Vitorino enveredou depois pelo percurso europeu.
Com a demissão de António Guterres, diversas foram as vozes que sugeriram o seu nome para encabeçar o PS. Expectativas deflagradas para muitos: Vitorino optou por se manter em Bruxelas. Com a tomada de posse da Comissão de Barroso, Vitorino regressou à cena nacional.
O seu percurso tornou-o imediatamente um poderoso “candidatável” a qualquer cargo de relevo em Portugal. No entanto, contrariando constantemente as expectativas do seu vastíssimo grupo de admiradores, Vitorino não quis lutar pela liderança do PS após a saída de Ferro Rodrigues. Mais recentemente, e para tristeza de muitos, declinou também perante a hipótese de ser o candidato do PS às presidenciais.
Enfim, um percurso digno de um D. Sebastião que, apesar de se saber do seu paradeiro, declina constantemente aquando do acto da coroação.
Hoje, podemos ver António Vitorino todas as segundas-feiras em curtas entrevistas conduzidas por Judite de Sousa. Acredito não ser o cargo que os seus admiradores ambicionaram para o seu ídolo. No entanto, e mesmo assim, Vitorino não desilude totalmente os seus “fãs”. Bate-se todas as semanas pelo seu Governo, defendendo as suas políticas com argumentos que o próprio o Executivo e seu grupo parlamentar desconhecem.
No entanto, e quase inevitavelmente, o presente cargo de Procurador-Geral do Governo ajuda Vitorino a manter o seu estatuto de eterno candidatável. Não tenho dúvidas que o seu nome voltará a surgir em próximas eleições. Tenho poucas dúvidas que voltará a recusar o cargo que lhe pretendem atribuir. Tenho, no entanto, fortes dúvidas (possivelmente devido á minha fraca imaginação) sobre qual o lugar que Vitorino ocupará após a presente Procuradoria-Geral.
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