Farsa Pinheirinho - Margrit Schmidt
Política

Farsa Pinheirinho - Margrit Schmidt


JORNAL DE BRASILIA - 26/02/12

Os tapetes felpudos do Senado Federal testemunharam durante a semana
mais uma tentativa dos petistas de desconstruir o governo tucano de
São Paulo. O embate se deu entre o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e o
senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Suplicy, como se sabe, é aquele
senador que tenta ser midiático e que na maioria das vezes provoca
sono em seus colegas no plenário com seus longos e enfadonhos
discursos. Além dos discursos chatíssimos que lhe valeram o apelido de
"morgadon" (nome de um tranquilizante fictício), Suplicy gosta de
cantar no microfone, da tribuna do Senado, clássicos de músicas de
protesto, Bob Dylan, sambas e o que mais lhe der na telha para tentar
chamar a atenção.

Eduardo Suplicy levou ao Senado a denúncia de supostos estupros
praticados por policiais militares durante a desocupação da favela de
Pinheirinho em São José dos Campos, São Paulo. Descobriu-se depois
sobre a sua denúncia que as pessoas que fizeram a acusação sequer
moram no Pinheirinho. A investigação policial segue desmontando a
farsa forjada por radicais aliados do petismo. Alguns exemplos da
montagem dos fatos: os supostos eventos não se deram no dia da
desocupação. Alguns dos denunciantes tinham sido presos com drogas e
armas, fez-se boletim de ocorrência e os presos e familiares estavam
acompanhados de sua advogada. Ninguém falou em estupro nenhum, as
denúncias foram feitas dez dias depois da suposta ocorrência. A
advogada dos presos já atuou na defesa de membros do PCC.

O senador Aloysio Nunes não deixou por menos e derrubou, na última
quinta-feira, a operação política do PT para tentar desmoralizar o
governo tucano de São Paulo, ao rebater todas as mentiras repetidas
pelos seus representantes, na Comissão de Direitos Humanos do Senado,
na audiência sobre a reintegração de posse em Pinheirinho, determinada
pela Justiça. Logo no início da audiência, Aloysio Nunes denunciou a
manobra petista, que garantiu prioridade a Pinheirinho em detrimento
de audiências referentes a denúncias de violação de direitos humanos
em desocupações ocorridas em governos do PT, como na Bahia e no
Distrito Federal.

Ao convocar a audiência para a semana do Carnaval - sinônimo de
Congresso esvaziado - Suplicy pretendia ser o protagonista e veicular
a versão petista farsesca sobre os fatos ocorridos na desocupação
determinada pela Justiça. Aloysio enfrentou mais de sete horas de
debate sozinho. Com exceção dele, só havia representação parlamentar
do PT e seus aliados, como PSTU e PSB.

INSTRUMENTO POLÍTICO

"A audiência, do jeito que foi montada, é instrumento político de
interesse do PT, do Suplicy, e de outros grupos terceirizados pelo PT,
que se utilizam da miséria alheia para promover seus interesses",
resumiu Aloysio Nunes. Ele reiterou que o Governo de São Paulo apenas
cumpriu uma decisão da Justiça. Na entrevista coletiva, logo após a
audiência, Aloysio Nunes alertou: "No dia que se deixar de cumprir
ordem judicial, que o Governo ou polícia resolver que não vai cumprir,
voltamos ao estado de barbárie".

Aloysio lembrou ainda que o Governo Federal, comandado pelo PT há
quase dez anos, deveria ter manifestado interesse no assunto desde
2004, quando houve a ocupação irregular em Pinheirinho, e não nos
últimos quinze dias e de forma vaga, sem tomar nenhuma atitude
concreta. "Tinha gente querendo brincar de insurreição,
pseudorrevolucionários prontos para radicalizar", disse o senador, uma
das poucas vozes firmes e seguras da oposição neste triste quadrante
da política brasileira. Nunes, justificou ainda o fato de o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), não ter enviado um representante
para a audiência, porque sabia que ali haveria um "teatro" dos que
desejam explorar politicamente o episódio.

Restou a Eduardo Suplicy tirar a fantasia de péssimo cantor de boleros
e vestir a farda de soldado furioso. A firmeza de Aloysio, que apenas
mostrou a face verdadeira do episódio deixou Suplicy apoplético. Ele
decidiu reagir aos berros para ver se a mentira vira verdade e pega no
tranco. Ao assumir como verdadeiras as acusações contra a PM paulista,
aos gritos, Suplicy só mostrou que tanto se pode ser tolo cantando e
irritando as plateias como "falando grosso". A tolice não se apresenta
só na forma, mas no conteúdo também. A tal "blogosfera progressista"
está repercutindo o vídeo de Suplicy. A fala ponderada de Aloysio está
no site do PSDB.




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