Política
G-20 diz não à zona do euro - ALBERTO TAMER
O Estado de S.Paulo - 22-01/12
A crise na União Europeia tem agora um custo, US$ 1 trilhão nos próximos anos e, mesmo assim, ela não se livrará da recessão. Só voltará a crescer, e pouco, em 2014. Quem afirma é o FMI que está pedindo aos países do G-20 e ao mundo US$ 500 bilhões para rolar a dívida soberana nos próximos meses. Desses, US$ 100 bilhões têm que sair imediatamente porque a maior parte da dívida soberana vence até março.
Ao fazer o apelo, Christine Lagarde, foi dramática. "Há uma necessidade urgente de esforço coletivo para conter a crise da dívida da zona do euro" e, acentuou, "proteger as outras economias do seu contagio". Ao mesmo tempo, o FMI confirmou sua previsão de crescimento negativo na região, ficará entre recessão de menos 0,5% e estagnação nos próximos meses.
Até agora, só um não. Tudo muito grave, sem dúvida, mas parece que não impressionou os países do G-20.Ninguém ofereceu nada. Para eles, o desafio é ainda dos governos europeus, Alemanha, França, que têm como enfrentá-lo mobilizando recursos próprios, antes de pedir socorro.
Os Estados Unidos responderam no mesmo dia ao apelo do fundo. A porta-voz do Tesouro, Karla Alaim, chamou a imprensa para dizer que "não temos a menor intenção de oferecer recursos adicionais para o FMI. A Europa tem capacidade para resolver seus problemas. O FMI pode ter um papel de reforço, mas só complementar."
Quando muito o governo americano está tentando evitar que o Congresso cancele os US$ 100 bilhões que haviam sido aprovados para o FMI.
Japão e Coreia do Sul seguem a mesma linha. Para o Canadá "a prioridade é proteger os países que sofrerem com a crise europeia", que se arrasta há mais de um ano.
E a China? Uma ação coletiva é importante, diz ela, mas o país não se compromete com nada. Ao em vez de um socorro, pelo menos até agora, apenas um não coletivo.
Indiferença, por quê? Para os analistas do mercado, de acordo com as agências econômicas, haveriam três explicações para a reação negativa do G-20.
1 - Eles tem seus próprios problemas. Os Estados Unidos estão apenas saindo da recessão, que ainda sufoca Japão (PIB de menos 0.7%), o Canadá cresce apenas 2,4% com desemprego de 7,4% e o Japão, nem se fala. Os recursos que existirem devem ser aplicados para proteger suas economias e fortalecer o mercado e seu mercado financeiro, evitando mais exposições na Eurozona.
2 - O problema europeu, grave sim, tem origem mais na desunião e indecisão política dos governos europeus do que na crise financeira. Um sinal é que, após quase dois anos de discussões internas, os países ainda não sabem o que fazer. Ajuste fiscal ou crescimento? E o tal do fundo de socorro financeiro que ainda não foi implementado? Enquanto isso, os investidores se retraem e a economia afunda. Há meses...
3 - Finalmente, para os Estados Unidos, o Japão, o Canadá, a China, e até mesmo o Brasil, não estão usando a arma mais eficaz - talvez a única no momento - para conter a crise financeira: o Banco Central Europeu. Krugman, Stiglitz, entre outros insistem, que só se sai da crise se o BCE comprar mais títulos da dívida soberana. O próprio BCE admite isso, mas nada pode fazer porque enfrenta o veto radical da Alemanha, com medo da inflação de pouco mais de 2%...
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