Greenspan admite erro ao dispensar regulamentação
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Greenspan admite erro ao dispensar regulamentação



Falha foi crer que instituições protegeriam acionistas

Dow Jones Newswires, Washington

Questionado por congressistas que examinam as causas da crise financeira, o ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Alan Greenspan - que estava à frente da instituição no nascimento da bolha imobiliária - admitiu nesta quinta-feira ter cometido alguns erros ao supor que a desregulamentação do sistema seria benéfica. Por outro lado, rejeitou a idéia de que tenha sido pessoalmente responsável pelo que chamou de "tsunami no crédito que ocorre uma fez a cada século".

Em depoimento ao Comitê de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara, Greenspan disse que a crise tomou proporções inimagináveis àquela época. "Ela se transformou de uma crise de restrição de liquidez em uma no qual prevalece o medo de insolvência."

O presidente do conselho, deputado Henry Waxman, do Partido Democrata da Califórnia, questionou Greenspan sobre a falta de regulamentação das hipotecas. O Fed "tinha autoridade para interromper as práticas irresponsáveis de concessão de crédito que abasteceram o mercado de hipotecas subprime", disse. Greenspan se defendeu dizendo ter levantado a questão sobre os perigos da "depreciação do risco" em 2005.

Mas, quando Waxman perguntou se ele "estava errado" sobre os benefícios da desregulamentação, Greenspan respondeu: "Parcialmente". A "falha" nas premissas que defendeu durante quatro décadas, disse Greenspan, foi a de que as próprias instituições de crédito eram mais bem habilitadas para proteger o interesse de seus acionistas. "Aqueles de nós que acreditaram que o interesse próprio das instituições de crédito protegeria as ações de seus acionistas - especialmente eu mesmo - estão em estado de choque."

O ex-presidente do Fed disse que deveria haver maior regulamentação para os swaps de default de crédito, mas também lembrou que, excluindo esses instrumentos, o mercado de derivativos está funcionando bem.

Sobre as perspectivas econômicas, Greenspan deu a entender que a crise nos EUA vai levar alguns meses para passar, o que significa aumento do desemprego e queda dos gastos dos consumidores. "Tendo em vista os danos financeiros até agora, não posso ver como podemos evitar uma alta significativa das demissões e do desemprego."

Apesar de Greenspan ter assegurado aos congressistas que "a crise vai passar" e que, no fim, os EUA sairão dela "com um sistema financeiro ainda mais sólido", ele advertiu que isso não vai ocorrer tão cedo. Segundo o ex-presidente do Fed, uma condição necessária para o fim desta crise é a estabilização dos preços das residências nos EUA - o que virá "daqui a vários meses".



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