Heróis e vilões O GLOBO EDITORIAL,
Política

Heróis e vilões O GLOBO EDITORIAL,


NOSSA OPINIÃO
Alvo tradicional dos movimentos políticos extremistas, o sistema financeiro subiu no cadafalso nos debates político-ideológicos deflagrados pelo estouro da bolha imobiliária americana. Não havia por que ser diferente, pois, ao lado de milhares de residências com placas de “despejo” na porta, a outra imagem da crise é a movimentação de clientes e funcionários em torno de prédios de bancos falidos.
Inevitável em todo debate apaixonado, os atores da crise são divididos entre “vilões” e “heróis”, cabendo o papel de malfeitores aos banqueiros. Bem como aos governos, que decidiram, em ato extremo, estatizar instituições financeiras, garantir dívidas e depósitos, por uma única e suficiente razão: impedir mais danos ainda ao sistema produtivo —, já bastante desestabilizado pela paralisia do crédito mundial, iniciada com as primeiras dificuldades enfrentadas por bancos americanos e europeus, por causa de excessivas apostas em títulos mal lastreados em hipotecas americanas.
Tão grave quanto isso: títulos chancelados como bons por agências de risco, cúmplices indefensáveis em todo o imbróglio. É ingênuo considerar que o sistema financeiro não deva ser protegido em qualquer circunstância. Se ele desaparecer, pára toda a engrenagem das economias. Artigo recente publicado no “New York Times” conta a sugestiva história do dono de uma loja de roupas femininas em Manhattan que, em 1929, se regozijou com a ruína dos bancos. Não muito tempo depois, teve de fechar o negócio, por falta de clientes, e jamais conseguiu ter um emprego formal na vida. Os danos causados na economia americana pela implosão de Wall Street o impediram.
Aprendida a lição do crash de 29, centelha da Grande Depressão, quando o desemprego americano chegou a 25% — na recessão que se aproxima, estima-se, poderá atingir 10%, também alto para os padrões dos EUA —, nenhum país jamais deixou o seu sistema financeiro dissolverse. Mesmo nos Estados Unidos, já em 32 o governo começou a estatizar bancos. A história apenas se repete.
A discussão que importa é sobre o mundo que emergirá desta crise.
E este não poderá ser um tema de discussão apenas do G-7. Todos os esforços diplomáticos precisam ser feitos para haver maior distribuição de responsabilidades entre os países. Até para evitar a montagem num deles de bombas-relógio que afetem todos, como a que explodiu no mercado americano.



loading...

- Europa, Colírio E óculos Escuros (folha De S. Paulo - Vinicius Torres Freire)
OS GOVERNOS da Europa promovem uma campanha de "bombardeios cirúrgicos" contra partes do mercado financeiro. Atiram bombas que os americanos dispararam quando tentavam evitar a quebradeira de bancos, antes e depois de setembro de 2008, quando...

- Lições Da História O Globo Editorial,
Não se pode obscurecer o aspecto humano existente em qualquer crise econômica. Mais ainda numa com as proporções da atual, que só deverá ser menor que a da década de 30, quando o mundo naufragou numa depressão. Mas, como em qualquer crise, nesta...

- Equilíbrio O Globo Editorial,
OPINIÃO Enquanto os efeitos da crise financeira mundial nos setores reais da economia ficam cada vez mais visíveis, amplia-se a discussão — que deverá ser longa — sobre o que fazer para evitar uma repetição do problema. O ponto central da questão...

- Mundo Novo O Globo Editorial,
Quando o furacão econômicofinanceiro em Wall Street atravessou o Atlântico, apanhou a Europa no contrapé. Os líderes da União Européia se deram conta de que haviam avançado muito na área monetária — 15 países formam a zona do euro. Entretanto,...

- Uma Etapa
A Câmara dos Representantes não tinha opção: sem o pacote de US$ 850 bilhões de ajuda do Tesouro dos Estados Unidos, a crise de confiança que abala o sistema financeiro americano e parte do mundial acabaria levando o país a uma profunda e incontrolável...



Política








.