Política
Quando o furacão econômicofinanceiro em Wall Street atravessou o Atlântico, apanhou a Europa no contrapé. Os líderes da União Européia se deram conta de que haviam avançado muito na área monetária — 15 países formam a zona do euro. Entretanto, no que toca à regulamentação e à fiscalização, os mercados ainda são dependentes das autoridades de cada país. O Banco Central Europeu (BCE), por exemplo, tem sua atuação voltada basicamente para a taxa de juros.
Esse fato imediatamente gerou tensões. A Irlanda reagiu rapidamente ao temor de uma quebradeira geral em seu sistema bancário e, sem consulta aos demais parceiros europeus, decidiu garantir os depósitos até determinada quantia. A iniciativa provocou uma reação em cadeia, com uma corrida de depositantes de outros países em busca das garantias. Com relutância, a Alemanha acabou seguindo os passos da Irlanda (mas garantindo a totalidade dos depósitos).
O Reino Unido, que inicialmente ofereceu um pacote de ajuda aos bancos, em seguida decidiu injetar dinheiro público diretamente na compra de ações das instituições em dificuldades, para estabilizálas.
Se, num primeiro momento, a engenharia da unificação européia mostrou-se insuficiente para lidar com o furacão, pouco a pouco os canais abertos por essa experiência acabaram facilitando a adoção de medidas em conjunto. O BCE passou a injetar capital no mercado, para aumentar a liquidez do sistema financeiro, e abriu uma linha de crédito de emergência para instituições em dificuldades nos países da zona do euro.
Embora ainda não haja fim à vista para o pesadelo, os bancos centrais têm feito esforços coordenados sem precedentes para evitar o pior. Mas está claro que o mundo precisará de novos instrumentos quando o furacão amainar. Parece não haver dúvidas que, desta crise, emergirá um mundo em que as responsabilidades serão mais compartilhadas. Então, a experiência européia fornecerá importantes elementos para a montagem das instituições a serem criadas para regular, zelar pelo mercado financeiro pós-crise e capazes de prevenir novas situações como a atual.
- União Bancária No Euro - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 30/06Os mercados festejaram ontem o que passou a ser considerado o melhor acordo de cúpula do bloco do euro entre todos os que já foram firmados nesse tempo de crise.Depois de 12 horas de negociações, foi divulgada uma declaração...
- Banco Não Confia Em Banco Celso Ming
O Estado de S.PauloDia 1.º o euro completou dez anos em meio a atormentada crise de confiança.Os bancos europeus já não confiam uns nos outros porque não sabem em que situação patrimonial se encontram. Na última terça-feira, o Banco Central...
- As Novas Minibolhas Yoshiaki Nakano
FOLHA DE S. PAULO O que deveria preocupar as autoridades econômicas não é a inflação, mas a possível formação de novas bolhas A IMENSA rede de socorro, sem precedentes na história, lançada pelos governos de todo o mundo sobre o sistema financeiro,...
- A Europa Mostra O Rumo O Estado De S. Paulo Editorial,
É preciso refundar o sistema financeiro internacional, disse o presidente da França, Nicolas Sarkozy, ao abrir em Bruxelas, ontem de manhã, uma reunião de dois dias do Conselho Europeu, por ele chefiado. Neste momento, os...
- O Papel De Emergência Dos Bcs
O socorro dos BCs O INVERNO DO CRÉDITOPor medo de um colapso da economia mundial, os bancos europeus e americanos desconfiam até de si mesmos. Só os BCs azeitam os mercadosPeter Morrison/AP 100% DE GARANTIA A decisão da Irlanda de bancar todos ...
Política
Mundo novo O GLOBO EDITORIAL,
Quando o furacão econômicofinanceiro em Wall Street atravessou o Atlântico, apanhou a Europa no contrapé. Os líderes da União Européia se deram conta de que haviam avançado muito na área monetária — 15 países formam a zona do euro. Entretanto, no que toca à regulamentação e à fiscalização, os mercados ainda são dependentes das autoridades de cada país. O Banco Central Europeu (BCE), por exemplo, tem sua atuação voltada basicamente para a taxa de juros.
Esse fato imediatamente gerou tensões. A Irlanda reagiu rapidamente ao temor de uma quebradeira geral em seu sistema bancário e, sem consulta aos demais parceiros europeus, decidiu garantir os depósitos até determinada quantia. A iniciativa provocou uma reação em cadeia, com uma corrida de depositantes de outros países em busca das garantias. Com relutância, a Alemanha acabou seguindo os passos da Irlanda (mas garantindo a totalidade dos depósitos).
O Reino Unido, que inicialmente ofereceu um pacote de ajuda aos bancos, em seguida decidiu injetar dinheiro público diretamente na compra de ações das instituições em dificuldades, para estabilizálas.
Se, num primeiro momento, a engenharia da unificação européia mostrou-se insuficiente para lidar com o furacão, pouco a pouco os canais abertos por essa experiência acabaram facilitando a adoção de medidas em conjunto. O BCE passou a injetar capital no mercado, para aumentar a liquidez do sistema financeiro, e abriu uma linha de crédito de emergência para instituições em dificuldades nos países da zona do euro.
Embora ainda não haja fim à vista para o pesadelo, os bancos centrais têm feito esforços coordenados sem precedentes para evitar o pior. Mas está claro que o mundo precisará de novos instrumentos quando o furacão amainar. Parece não haver dúvidas que, desta crise, emergirá um mundo em que as responsabilidades serão mais compartilhadas. Então, a experiência européia fornecerá importantes elementos para a montagem das instituições a serem criadas para regular, zelar pelo mercado financeiro pós-crise e capazes de prevenir novas situações como a atual.
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