Usando nariz de palhaço, máscaras de rostos de políticos e com cartazes em mãos cerca de 400 pessoas seguiram um grupo de humoristas pela orla de Copacabana, na tarde deste domingo (22). A manifestação intitulada “Humor Sem Censura” foi organizada pelo grupo “Comédia em Pé” para arrecadar assinaturas que serão enviadas ao ministro da Cultura, Juca Ferreira. O intuito é derrubar o artigo 28 da lei 9504/1997.
Foto: Hélio Motta, iG Rio de Janeiro – fotografia
Humoristas protestam em passeata em Copacabana, Rio de Janeiro, neste domigo (22)
A norma proíbe há 13 anos o uso de “trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido político ou coligação" durante o período eleitoral. Os programas acostumados a usar esses efeitos, principalmente os humorísticos, foram os mais atingidos e tiveram que mudar sua linha show.
“Na época em que a lei foi criada só o Casseta e Planeta tinha esse humor. Hoje se percebe uma proliferação de programas nessa linha”, disse o humorista Hélio de La Peña, fazendo referência ao CQC e ao Pânico na TV, por exemplo.
Um dos mais indignados era Sérgio Malandro. “O povo quer rir e até isso querem tirar? A vida já é muito dura e qual o problema de se fazer comédia com o dinheiro que ficou na cueca ou o deputado que ganhou 100 vezes na loteria?”, afirmou o humorista, que desde janeiro já foi assistido por mais de 25 mil pessoas em um show de comédia na zona oeste do Rio.
Um tumulto foi formado por banhistas e pessoas que passavam pelo local quando a comediante e apresentadora do “Pânico na TV”, Sabrina Sato, chegou para cumprimentar um dos organizadores da passeata. Em meio a risos e poses para fotos, ela também manifestava sua surpresa com a lei. “Onde já se viu humorista não poder fazer piada? Isso é piada, né?”.
A atriz e comediante Maria Clara Gueiros disse que essa é uma medida antidemocrática. “Morei nos Estados Unidos nos anos 70, e lá era normal fazer esse humor. Fiquei encantada com essa linha de show que aproximava as pessoas da política. Quando voltei na mesma década, aqui havia a ditadura e isso não era possível. Isso é um retrocesso”, disse.
A passeata, que começou às 16h na altura do Hotel Copacabana Palace, terminou por volta das 17h com as pessoas cantando em coro “humor unido jamais será vencido”, nas proximidades da praia do Leme.
Também participaram do ato Bruno Mazzeo, Danilo Gentili (CQC), a atriz Dig Dutra e o diretor Cláudio Gonzaga (Zorra Total), e os cassetas Cláudio Manoel, Marcelo Madureira, Beto Silva, entre outros comediantes.