Política
Luta de Classes e a Divisão Internacional do Trabalho (I)
(1) Marx, nos primórdios da Revolução Industrial, caracterizou a “Divisão Social do Trabalho” como a forma por excelência da exploração Capitalista,,,
(2) a invenção americana do modo de Produção “Fordista” institucionalizou as linhas de montagem como modo de socializar o Consumo, primeiro a nível nacional, logo após visando as exportações em grande escala ( modo que se prolongou até à chamada “época de ouro do imperialismo” e cujo “motor” foram os Monopólios Nacionais). Durante este periodo a Luta de Classes radicaliza-se entre os Sindicatos e os grandes Trusts,,,
(3) no pós-guerra com a neocolonização americana surge o “Toyotismo” uma adaptação moderna das linhas de montagem, mas que mantinham apenas a função de assemblagem dos diversos componentes, cuja Produção é feita exteriormente nas mais diversificadas fábricas por subcontratação. O novo “modo de Produção” (Outsourcing/ Informatização/ Automatização) põe termo ao confronto directo entre patronato e assalariados a nível Nacional, deslocalizando a “Divisão Social do Trabalho” para o campo internacional, globalizando de igual modo a “Luta de Classes”,diluindo-a.
(4) Os sindicatos nacionais, perante os “interesses nacionais” ficam esvaziados de razões para actuação e perdem influência, os detentores dos centros de Decisão (Produção) dos paises Ricos procedem à proletarização de países Pobres inteiros, “que se constituem na grande massa de reserva de trabalhadores às ordens dos capitalistas”. Este modelo correspondeu à fase de exploração Neoliberal ( com inicio em Reagan/Tatcher cerca de 1990) baseado no Consenso de Washington.
O “boom” e a devastação provocada por este modo de Produção, depois de inúmeras crises, iria provocar a implosão do sistema global e tornar-se visível pela bancarrota da “Nova Economia” (Nasdaq) em Abril de 2000 na bolsa de New York.
(5) Neste tipo de Sociedade Ocidental que vem sendo construída a nível Global (20% de Ricos) deixou de haver nos Centros dos países ditos desenvolvidos, pobres em número suficiente para fazer funcionar o sistema. Tal facto obriga a dois subterfúgios: a importação de emigrantes com aptidões para assegurar as tarefas mínimas a nível interno,,, e a emergência a nível externo de uma nova “Classe Proprietária”: Branca, Elitista, Livre, “Culta” e Transnacional –
a sua pátria é o Dinheiro! (depositado em zonas francas off-shore livres do controlo fiscal dos Estados)e que é suportada pela gigantesca máquina politico-militar americana que pagam com as generosas contribuições a que se obrigam, sob pena de não poderem subsistir enquanto classe exploradora.
(6) enquanto milhões (80% da população mundial) limitados pelas fronteiras e controlados pelos aparelhos repressivos dos Estados Nacionais, agonizam e morrem à mingua e a crédito, desesperando desinformados sem qualquer capacidade de revolta, (ainda que pelo meio do Centro Capitalista vão sobrando cada vez mais umas reduzidas Classes Médias viciadas em consumos supérfluos), a compreensão da fase actual da luta pela Emancipação passa pelo retorno a Marx, pelo
estudo empírico da Divisão Internacional de Classes e por uma
nova forma de organização do proletariado Global que elimine esta forma de dominação.
“Horrorizais-vos por querermos suprimir a propriedade privada. Mas na vossa sociedade existente, a propriedade privada está suprimida para nove décimos dos seus membros; ela existe precisamente pelo facto de não existir para nove décimos. Censurais-nos, portanto, por querermos suprimir uma propriedade que pressupõe como condição necessária que a imensa maioria da sociedade não possua propriedade”
Marx
“Manifesto do Partido Comunista” (1848)
na foto: militante comunista nas recentes manifestações no Equador, que estiveram na origem da queda do presidente Gutierrez
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