Mãe:um chamamento de Amor
Política

Mãe:um chamamento de Amor


Walnize Carvalho

É quando eu chego ao portão de sua casa - a mesma casa de infância- e a chamo: - mamãe! e vejo surgir a figura serena, cabelos grisalhos, caminhar lento e o permanente sorriso, que eu sinto estar diante de um Ser com uma bela história de vida.
É como se eu atravessasse o portão do Tempo e corresse por entre os cômodos da casa e, escondida a um canto, vivesse tudo outra vez.
Ecoam em meus ouvidos as inúmeras vezes que pronunciei esta doce palavra : Mamãe! Em momentos de aflição, em instantes de dúvidas, em dias de felicidade, em horas de decisão, em uma vida inteira de cumplicidade...
E fico por ali vivenciando cenários distantes de uma infância mais distante ainda: De repente, a vejo acordar, levantar sussurrando, em forma de oração, palavras de agradecimento, e, serenamente, indo em direção à cozinha a fim de preparar a refeição matinal para toda a família. Água no fogo, mesa posta e o assobio familiar do meu pai, que chegava da padaria com pães frescos e quentinhos.
Minha mãe seguia até o quarto onde estávamos ( eu e minhas irmãs) e nos via abrindo o armário e de lá retirando os uniformes, impecavelmente passados e dependurados na véspera por ela.E nós, ao avistá-la a saudávamos em uma só voz:- A benção, mãe! Seguíamos, então, até a copa, e o pai nos abençoava também. Nos acomodávamos à mesa, sorvíamos o café com leite, acompanhados dos pães, numa mistura saudável de saliva e alegria.
Dali, apanhávamos nossas respectivas pastas da escola e quando encaminhávamos para o porta de saída, ouvíamos da figura materna:- Esperem! Esqueceram a merenda que preparei para vocês! E concluía: Na volta quero ver as tarefas escolares!...
E seguem minhas lembranças fixando-as em dia (como hoje) dedicado a elas: Sobre a cristaleira, o rádio derramando no ambiente, acordes musicais recheados de ternura. Os versos de uma canção “Ela é a dona de tudo/ Ela é a rainha do lar” calavam fundo em meu coração.
Remexo, mais uma vez, em minha memória afetiva e revejo, nitidamente, o cartãozinho, feito por mim, na escola com um coração desenhado e dentro escrito: “A mão que embala o berço dirige os destinos do mundo”. Era o presente que se tinha para ofertar à mãe, que recebia com afeto e afago.
Com afeto e afago tem pontuado a sua existência. Agasalhando em seu colo, com gestos de maternidade explícita, os “filhos” que cruzaram e cruzam o seu caminho: esposo, filhas, netos, bisnetos, irmãos, sobrinhos, cunhados, amigos que ao primeiro chamamento ela sempre se fez presente.
Perdida em minhas divagações, nem me dei conta, que ela já abrira o portão da casa e com a voz suave pergunta: - Não vai entrar?
Em meio a abraços e beijos exclamo: - Feliz Dia das Mães! E lhe oferto a rosa que trago nas mãos... Em seu coração – um jardim inteiro.



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