Manifestantes criticam Copa e tentam entrar de "penetra" em sorteio
Manifestantes empunham cartazes pedindo a saída de Ricardo Teixeira da CBF
Manifestantes empunham cartazes pedindo a saída de Ricardo Teixeira da CBF
Foto: Mônica Garcia/Bulcão e Tresdê Assessoria e Comunicação Ltda - Especial para o Terra
MÔNICA GARCIA
Direto do Rio de Janeiro
Com palavras de ordem contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, começou o protesto marcado para coincidir com o sorteio das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, que será neste sábado, no Rio de Janeiro. Pela manhã, os manifestantes se concentraram no Largo do Machado e, por volta das 12h50 (de Brasília), começaram a marchar rumo a Marina da Glória, palco do evento.
Segundo os organizadores, a estimativa é que o protesto reúna entre 500 e 1 mil pessoas, unidas pelo descontentamento em relação à organização da Copa no País - seja, segundo eles, por causa dos desmandos do mandatário da CBF, do desperdício de dinheiro público, ou das remoções de moradias para a realização de obras para o evento.
Presidente da Frente Nacional dos Torcedores (FNT), uma das organizações responsáveis pelo protesto, o advogado João Hermínio Marques disse que o ato pede por uma Copa do povo, sem irregularidades no uso do dinheiro público e sem remoções indevidas. "É um movimento de quem gosta de futebol e não aguenta mais os desmandos do Sr. Teixeira. Sem o dinheiro do povo, a CBF não consegue fazer uma Copa do Mundo", afirmou Marques.
Após a chegada à Marina da Glória, os manifestantes tentarão entregar uma bola com reclamações do povo ao Comitê Organizador Local (COL), presidido pelo mesmo Ricardo Teixeira. Será formada uma comissão que negociará a entrada no evento, que começa às 15h (de Brasília).
Também participam do protesto moradores de áreas que podem ser atingidas por causa das obras da Copa e da Olimpíada de 2016. Entre os ameaçados estão os habitantes do entorno dos estádios do Maracanã e do Engenhão, além de diversas comunidades da zona oeste do Rio de Janeiro que serão atingidas pela construção da Transcarioca, uma via expressa que cortará bairros como Vila Harmonia, Restinga e Recreio 2.
No entorno do Maracanã estão ameaçadas comunidades indígenas de diversas etnias, que foram reassentadas há cerca de oito anos nas imediações. Um dos indígenas presentes no protesto, o cacique Torubo disse que a área onde vive dará lugar a um estacionamento, mas nunca foi procurado pelo poder público para esclarecimentos sobre o destino da comunidade. "O que está acontecendo é autoritarismo, o mesmo que acontecia na ditadura", reclamou.
Hertz Leal, membro do Comitê Popular da Copa do Mundo de 2014, outra entidade envolvida na organização do protesto, afirma que o movimento não é contra a Copa do Mundo, mas sim contra a forma como ela está sendo preparada.
"O projeto de remoção tem que ser discutido com a sociedade e com as pessoas mais interessadas, ou seja, os moradores desses locais. Isso não está ocorrendo. Não houve nenhuma audiência pública para remover essas famílias", afirmou Leal.
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