Raquel Salgado
Ursula Kaufmann/AFP | "Não me interessa a maneira como as pessoas se movem, mas o que as faz se mover" |
EMOÇÕES, E NÃO ENREDOS Pina Bausch em Café Müller, peça baseada nas suas memórias de infância |
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Nos anos 70, a alemã Pina Bausch inseriu elementos de teatro no balé moderno. Em suas coreografias, os bailarinos passaram a falar e interagir com o público, como se fossem atores. Não para contar histórias, como nos enredos clássicos, mas para exprimir, com movimentos intensos e repetitivos, sentimentos como amor, ódio ou submissão. Numa dessas obras, eles comem cebolas. Em outra, uma mulher entra com seu travesseiro e se acomoda para dormir. A crítica classificou as inovações de Pina Bausch como dança-teatro. Antecedentes desse movimento podiam ser encontrados na década de 20, na Alemanha - mas foi Pina Bausch quem tornou o estilo conhecido no mundo inteiro e o converteu em referência para os coreógrafos contemporâneos. Nos seus palcos, havia espaço para quase tudo: de poças de água nas quais os bailarinos deslizavam a uma parede que desmorona ou um assoalho forrado com 8 000 cravos coloridos. No início de sua carreira, era comum que plateias estarrecidas saíssem do teatro no meio do espetáculo. Hoje, suas criações são comparadas às de mestres como o francês Maurice Béjart e a americana Martha Graham. Pina era o apelido de Philippine Bausch, que abraçou o balé aos 14 anos. Dançou no New American Ballet e no Metropolitan Opera Ballet, ambos de Nova York. Em 1973, assumiu a direção da companhia com a qual mudou a história da dança e que atualmente é chamada de Tanztheater Wuppertal Pina Bausch. Ela morreu aos 68 anos, na Alemanha, apenas cinco dias depois de ter recebido um diagnóstico de câncer