Mobilização Geral contra o Trabalho Precário em França
Política

Mobilização Geral contra o Trabalho Precário em França


Trabalhadores, Desempregados, Universitários e Estudantes, a mesma Luta contra os CPE: uma expressão do fracasso do Capitalismo.


A luta dos estudantes franceses, que se vem travando desde o principio de Fevereiro, contra a norma neoliberal de contrato de primeiro emprego CPE (Contrat Premiére Embauche) , seja qual for o resultado, não é apenas fumaça, uma revolta sem consequências no futuro. Porquê?
Primeiro porque a revolta dos estudantes é uma resposta legitima a um ataque económico directo, massivo e frontal contra a classe operária, contra todos os assalariados. Com a CPE uma normativa que emana directamente da famigerada Directiva Bolkestein rejeitada em França na votação contra a Constituição Europeia, mas ressuscitada pelas cúpulas dos partidos burgueses, as novas gerações terão cada vez mais precaridade e miséria depois que tenham terminado os seus cursos. Não só os estudantes se mobilizaram imediatamente numa perspectiva de classe, como o demonstraram magistralmente nas manifestações de 7 e 16 de Março (ver mapa). Foram capazes de deixar de lado as suas reinvindicações especificas (como p/e a reforma LMD relacionada com o Processo deBologna) para fazer reinvindicações que se identificam com a totalidade da classe operária. Finalmente, porque desde a primeira vez desde o Maio de 68 não temos visto os estudantes lançarem palavras de ordem chamando à solidariedade e unidade toda a classe operária: “Trabalhadores, Desempregados, Universitários e Estudantes, a mesma Luta!

Os Institutos da maioria das grandes cidades mobilizaram-se para expressar a sua cólera contra os ataques económicos do Governo em perfeita sintonia com os Patrões tanto da Indústria como da Banca ou dos Serviços. 64 Universidades estão em greve e preparam, além da de hoje 16, uma grande manifestação no próximo sábado 18 quando se lhes juntarem os Sindicatos operários, que juntos ascenderão a 1 milhão de pessoas nas ruas. Só falta juntarem-se-lhes os amotinados dos subúrbios que incendiaram o panorama politico há pouco tempo atrás, para se avaliar da situação explosiva em perspectiva. Apesar das tentativas de ocultar os acontecimentos, de Paris chegam apelos de solidariedade. Em Londres, Berlim e Bruxelas já decorrem reuniões para discutir uma reacção colectiva, já que estas leis têm tendencia a serem exportadas.

A revolta dos Estudantes é totalmente Legítima!

As Instituições que constituem os sistemas de Educação nacionais (escolas primárias, institutos, universidades) transformaram-se em fábricas de desempregados, em reservas de mão de obra barata. Que os estudantes compreenderam bem esta questão, demonstra-o, entre outras coisas, a decisão que foi tomada na Assembleia de estudantes de Caen de enviarem delegações às Empresas próximas e aos Centros de Desemprego das povoações vizinhas solicitando a todos, desde os activos até aos inactivos, que se solidarizem com a sua luta; o CPE é simplesmente a Precaridade Organizada. E a precaridade não afecta unicamente os jovens. Muito pelo contrário, o desemprego, a miséria e o trabalho precário afectam sem piedade, directa ou indirectamente, todas as gerações de trabalhadores. Por isso, em algumas universidades – p/e Paris III Censier – os professores e o pessoal administrativo fazem também greve em solidariedade com os estudantes. É muito mais do que o futuro dos governos neoconservadores de Direita aquilo que está em causa.
É o próprio capitalismo em si, como sistema, que está em causa.

Para um aprofundamento do tema, ler:
* As Escolas ao serviço das Marcas

* Transformações na Educação - As Universidades Europeias: MIT ou realidade?
pelo Prof. João Caraça, publicado na edição portuguesa do Le Monde Diplomatique na edição de Março2006
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