As urnas fortalecem. A presidente Dilma pode tirar delas a força e as lições para fazer seu segundo mandato ser melhor do que o primeiro. Mas, para isso, precisará ter sabedoria e capacidade de diálogo. Ela venceu, apesar da estagnação econômica, da inflação alta e do pior caso de corrupção que já houve, mas precisará ser capaz de ver seus erros e o fosso que sua campanha abriu no país.
Suas escolhas na economia falharam e isso não é uma questão de opinião. São os números. Eles são ruins, com raras exceções. A confiança de todos os setores empresariais está em queda. E quem não confia, não investe, não produz riqueza e empregos. O mercado financeiro não é ocupado por malévolos de sobrecasaca, mas por investidores, pequenos, médios e grandes, que tomam decisões sobre onde colocar seu dinheiro. E o país precisa de poupança e investimento. Precisa restaurar a confiança na economia. É o maior desafio.
Pode-se perguntar: por que, afinal, ela ganhou, se a situação econômica é tão ruim? Porque sua campanha chantageou os eleitores que dependem do Bolsa Família. Porque seu marketing eleitoral mentiu sobre as intenções e propostas de seus oponentes. Porque ela usou a máquina pública de forma espantosa.
Governará com um Congresso mais fragmentado, no qual seu partido encolheu e a oposição ficou mais forte. O maior erro de Aécio Neves foi em Minas Gerais. Não se pode errar em casa. Escolheu um candidato difícil de carregar e, no segundo turno, não virou o jogo. Mas teve muitos méritos. Defendeu os ideais do seu partido e conseguiu ocupar ruas com militância, coisa que só acontecia com o PT. O partido terá grandes políticos no Senado. Tem a chance de ser a oposição que nunca foi.
Os eleitores deram uma segunda chance a Dilma, que precisará ter ouvidos para a quase metade do país que não votou nela. Será hora de abandonar o discurso de campanha e ver os reais problemas do país. Não bastam as protocolares palavras de união e diálogo no discurso da vitória. A torcida dos brasileiros será para que ela tenha sucesso.