Política
Nordestinos, Sim. Nordestinados, Não!
O poema abaixo de Patativa do Assaré é para que você, companheiro e companheira, que mora em outra região deste país, compreenda melhor o povo brasileiro, principalmente desta parte da região. Aqui, por milhares de anos, implantou-se o paradigma do abandono e da eliminação. O Estado brasileiro não existia para milhares de sertanejos, abandonados à própria sorte a um "destino".
Outra dia conversando com um pequeno comerciante ele me dizia, falando do Brasil de ontem e de hoje, com suas reflexões: está vendo este pessoal, dizendo e olhando para os seus clientes. Antes eles compravam rapadura, um punhado de farinha e feijão.
Eu me perguntava: como é que essa gente consegue sustentar a família com este pouco que levam para as suas casas. E hoje meu filho, eu digo: este pessoal faz um feira completa, leva de tudo e tem agora até transporte. E eu penso que as coisas mudaram deste lado de cá, por isso eu afirmo: se a Princesa Isabel libertou os escravos, Lula libertou os pobres.
Portanto, companheiros e companheiras, vamos conhecer melhor este povo e perguntar por que a maioria vota em Dilma.
Vamos entender os motivos que levam milhões de brasileiros aqui do Nordeste a querer a continuidade do governo Dilma, votando em Dilma para ser a primeira presidente do Brasil.
Patativa do Assaré
Nunca diga nordestino
Que Deus lhe deu um destino
Causador do padecer
Nunca diga que é o pecado
Que lhe deixa fracassado
Sem condições de viver
Não guarde no pensamento
Que estamos no sofrimento
É pagando o que devemos
A Providência Divina
Não nos deu a triste sina
De sofrer o que sofremos
Deus, o Autor da Criação,
Nos dotou com a Razão,
Bem livres de preconceitos.
Mas os ingratos da terra,
Com opressão e com guerra,
Negam os nossos direitos!
Não é Deus Quem nos castiga,
Nem é a seca que obriga
Sofrermos dura sentença!
Não somos nordestinados
Nós somos injustiçados
Tratados com indiferença!
Sofremos, em nossa vida,
Uma batalha renhida,
Do irmão contra o irmão.
Nós somos injustiçados,
Nordestinos explorados,
Mas nordestinados, não!
Há muita gente que chora,
Vagando de estrada afora,
Sem terra, sem lar, sem pão.
Crianças esfarrapadas,
Famintas, escaveiradas,
Morrendo de inanição.
Sofre o neto, o filho e o pai.
Para onde o pobre vai,
Sempre encontra o mesmo mal.
Esta miséria campeia
Desde a cidade à aldeia,
Do Sertão à capital.
Aqueles pobres mendigos
Vão à procura de abrigos,
Cheios de necessidade.
Nesta miséria tamanha,
Se acabam na terra estranha,
Sofrendo fome e saudade!
Mas não é o Pai Celeste
Que faz sair do Nordeste
Legiões de retirantes!
Os grandes martírios seus
Não é permissão de Deus:
É culpa dos governantes!
Já sabemos muito bem
De onde nasce e de onde vem
A raiz do grande mal:
Vem da situação crítica,
Desigualdade política
Econômica e social
Somente a fraternidade
Nos traz a felicidade.
Precisamos dar as mãos!
Para que vaidade e orgulho
Guerra, questão e barulho
Dos irmãos contra os irmãos?
Jesus Cristo, o Salvador
Pregou a paz e o amor
Na santa doutrina sua.
O direito do banqueiro
É o direito do trapeiro
Que apanha os trapos na rua!
Uma vez que o conformismo
Faz crescer o egoísmo
E a injustiça aumentar,
Em favor do bem comum,
É dever de cada um
Pelos direitos lutar!
Por isso vamos lutar,
Nós vamos reivindicar
O direito à liberdade,
Procurando, em cada irmão,
Justiça, paz e união,
Amor e fraternidade!
Somente o amor é capaz
E dentro de um país faz
Um só povo bem unido!
Um povo que gozará
Porque assim já não há
Opressor nem oprimido!
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