num poço sem fundo
Política

num poço sem fundo


Segundo o Financial Times os reguladores federais norte-americanos investigam centenas de possíveis esquemas fraudulentos similares no seguimento do caso Madoff.
Um gestor de um fundo soberano da praça financeira de Singapura revelou recentemente que o montante do valor a abater às contas até 2013 será de 3,8 biliões de dólares, apenas nesse fundo, e que, por ora a desvalorização contabilizada soma apenas 30 por cento do total de valores a apurar. Passa-se o mesmo com todos os fundos; como não se cansa de repetir o especulador George Soros: o pior ainda está para vir?

o Expresso publica uma interessante entrevista com o economista brasileiro Ladislau Dowbor sobre a crise financeira, não necessariamente com o articulado aqui seguido. Lançar frases escorreitas de cruas verdades sobre um pantanoso pano de fundo tendo em vista redireccionar a crise para a sustentabilidade de um “consumo inteligente”, será uma intenção, mas não resolve o problema. Claramente o plano de reconversão capitalista aponta para o grande horizonte de expansão, que é a inclusão produtiva dos 4.000 milhões de pessoas, que segundo o Banco Mundial estão "fora dos benefícios da globalização". Isto é, fabricar e introduzir no sistema biliões e mais biliões, triliões de valores em papel moeda. São notas que representam “direitos sobre produtos comerciais” para os quais não existem consumidores. “São papéis, e mais recentemente puros sinais magnéticos nos computadores. É fácil de produzir”; e fica conhecido como TARP Money (Troubled Assets Relief Program); como os 1,2 biliões lançados mais uma vez pela FED de Bernanke a semana passada, com a velada ordem (oficialmente chama-se “pressão”) para que o BCE de Trichet faça exactamente o mesmo em relação à União europeia. Ora a Reserva Federal norte-americana é uma instituição formada por grandes bancos privados com um presidente virtual nomeado pelo presidente dos EUA, depois dessa mesma associação dos grandes bancos por sua vez o terem nomeado a ele. Na Europa passa-se o mesmo, o Banco Central Europeu é uma agência financeira independente de todas as instituições e de todos os governos europeus – é a FED que decide que se inicie uma emissão gigantesca de papel moeda também em euros.

o dinheiro fornecido não para de crescer; atiram-se
caixas de dinheiro em cima do problema como de fossem
botes salva-vidas antes do navio se afundar

(fonte)

Foi exactamente desta mesma forma e com os mesmos agentes (Joseph Stiglitz já demonstrou que são as mesmas pessoas que estão ora no Tesouro, ora no FMI, ora na Wall Street, ora na Reserva Federal) que se gerou o desiquilibrio gerado pela especulação com os fundos do imobiliário: “a Lehman Brothers tinha emitido "direitos", sob forma de créditos, equivalentes a 31 vezes o que dispunha em caixa. Ao emitir no vazio, o banco americano cobrava assim juros e tarifas sobre um dinheiro que não tinha, e que não correspondia a nenhum aumento de produto disponível - e assim chegámos (para já) aos tais 680 biliões de dólares emitidos no mercado de derivados, sob várias formas. Ora, o PIB mundial é da ordem, apenas, de 60 biliões. Ou seja, o edifício dos famosos "veículos financeiros" inovadores é (para já) dez vezes maior que a economia real mundial. Como vamos sair de um mar de "lixo" tão avassalador?
Ladislau Dowbor: “Você tem diante de si um mundo de gente segurando papéis que julgavam valer algo. Vai ter de ser restabelecido o equilíbrio entre os bens e serviços realmente existentes, e o volume de "vales" emitidos. Ninguém sabe ao certo quantos "vales" foram emitidos ao todo, qual o volume de papéis "podres" no planeta, e portanto qual o tamanho do ajustamento em baixa necessário. Na minha convicção, não apenas o pior está por vir, mas não há necessariamente um "fundo do poço". Ao não deixar cair os Bancos, Seguradoras e Financeiras demasiado grandes para falir, na realidade é para capitalizar os bancos zombies (como já chamam a alguns dos grandes bancos na América) e deitar dinheiro para os seus accionistas principais, ou é mesmo para injectar liquidez na economia real, como se diz?”

Quanto aos bens da economia real, estes têm de ser, de facto, produzidos com esforço, matérias-primas, factores de produção” e, claro está, essencialmente trabalho. Mas não é decerto este o ramo de actividade das estruturas financeiras montadas pelo Neoliberalismo a nivel mundial (2). O seu objectivo essencial é reproduzir o lucro em nome da visão de uma sociedade global de cerca de 300 milhões de grandes accionistas investidores no mercado (1).
Catherine Austin Fitts, denunciou na América que o que se assistiu desde os anos 1990 com a revogação de peças centrais da regulação e com a gestão das bolhas por Alan Greenspan foi um verdadeiro "golpe de estado financeiro". E enquanto não virmos posta em cima da mesa a dissolução da FED e a sua substituição por instituições abertas e controladas democraticamente, não haverá uma solução cabal para a crise/depressão causada pelo fabrico de dinheiro ficticio.

(1) A natureza do mercado accionista vem cabalmente explicada no livro de Jean Peyrelevade "O Capitalismo Total" (fac-simile da edição portuguesa da SéculoXXI na 1ª gravura em cima à esquerda)
(2) Ver também um diagnóstico sobre a actualidade por José Henrique de Faria em "O Adeus ao Liberalismo" e ainda
(3) no Resistir: "Guerra imperialista no século XXI"
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