O discurso ideológico do "desenvolvimento sustentável" para legitimar a apropriação da natureza.
Política

O discurso ideológico do "desenvolvimento sustentável" para legitimar a apropriação da natureza.



O discurso do desenvolvimento sustentável suscita muitas reflexões. E combinar eficiência, produtividade com proteção ambiental importa novos paradigmas de produção, principalmente na implantação da filosofia dos "R" - reduzir, reutilizar e reciclar para se chegar também ao conceito de ecoeficiência. 


Por exemplo, o conceito de manejo florestal está relacionado a um conjunto de procedimentos para que sejam colhidas árvores "maduras" de acordo com um planejamento, conservando as "verdes" para um futuro próximo, quando a produção de madeira permanece contínua ao longo deste processo produtivo. 

Pode-se dividir áreas de plantio, sabendo-se quando será colhido o eucalipto em determinada área. Possível impacto ambiental nestas terras plantadas com eucalipto. Por quê? 

Porque reduz as trocas de energia e processos ecológicos empobrecidos, empobrecendo também a terra, onde cada vez utilizam-se mais fertilizantes químicos. 

E o modelo produção atual não combina com o conceito de desenvolvimento sustentável. E só pode ser sustentável aquilo que pode ser renovável como o plantio de árvores por exemplo dentro de um projeto de manejo florestal. 

E não podemos acreditar no discurso da sustentabilidade dentro deste modelo econômico balizado nos mercanismos de mercado. 

E os nossos industriais, a maioria, ainda não sabe o que é fazer manejo florestal. E segundo Left, (2001, p. 25) o discurso do desenvolvimento sustentável vai engolindo o ambiente como conceito que orienta a construção de uma nova racionalidade social. 

Segundo este pensador, a crise ambiental vem questionar a racionalidade e os paradigmas teóricos que impulsionaram e e legitimaram o crescimento econômico, negando a natureza. 

Desta forma, o conceito de sustentabilidade surge do reconhecimento da função de suporte da natureza, condição e potencial do processo de produção. Daí, surge a busca de um novo conceito capaz de ecologizar a economia, eliminando a contradição entre crescimento econômico e preservação da natureza. 

Nesse sentido, o conceito de desenvolvimento sustentável foi definido como um processo que permite satisfazer as necessidades da população atual sem comprometer a capacidade de atender as gerações futuras. 

E o discurso da sustentabilidade leva, segundo Left, 2001, p. 19, a lutar por um crescimento sustentado, sem uma justitificativa rigorosa da capacidade do sistema econômico de internalizar as condições ecológicas (sustentabilidade, equidade, justiça e democracia) deste processo. 

Busca-se, segundo este autor, a possibiidade de conseguir um crescimento econômico sustentado através de mecanismo de mercado sem internalizar as condições de sustentabilidade ecológica. E diante da impossibilidade de assimiliar as propostas, Left 2001, p. 22, escreve que isso é impossível sem uma nova racionalidade ambiental para reconstruir as bases éticas e produtivas de um desenvolvimento alterntivo. 

Desta forma, para o autor, as políticas do desenvolvimento sustentável vão desativando, diluindo e deturpando o conceito de ambiente. 

E por isso, não acredito em desenvolvimento sustentável para o atual modelo de produção. Na verdade a humanidade vive uma crise de existência. 

A crise ambiental é uma crise da própria civilização humana. Concordando com Left vivemos a retórica do desenvolvimento sustentável, que distorce a percepção das coisas, burla a razão crítica e lança à deriva nossa atuação no mundo (LEFT, 2001, p.24). 

O que se coloca com responsabilidade com as plantações pode-se dá o nome de manejo florestal. Quntas empresas fazem manejo florestal neste país? E quem é o mercado? O mercado está preocupado com processo ecológicos? E nós estamos pensando em consumo sustentável? E só vamos mudar o modelo de produção com mudança no consumo, buscando-se o consumo sustentável. 

Quem aqui consume produtos e serviços pensando no ambiente, ou na redução dos impactos ambientais de seu consumo? Sinceramente não acredito no discurso do "desenvolvimento sustentável" quando várias espécies do planeta estão em processo de extinção. 

E por que não se eliminou a probreza quando havia muito mais abundância de recursos durante anos que antecederam a crise do petroleo? Por que haveria agora esta garantia? Veja que estes questionamento vão ao encontro do que venho colocando aqui de que só podemos pensar em desenvolvimento suentável repensando o nosso modo de produção e também o nossso modo de vida, do consumo e tudo mais. 

Diante desta reflexões coloco aqui um questionamento de Indira Gandhi durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente realizado em Estocolmo Em 1972:"o maior inimigo do meio ambiente é a miséria". Só resolveremos o problema do meio ambiente se resolvermos o problema da miséria. 

E que só podemos chegar ao desenvolvimento pleno se pernsarmos no desenvolvimento do próprio ser humano. Veja bem que a miséria brasileira (do povo brasileiro) está imersa dentro das oportunidades que este país sempre ofereceu para o desenvolvimento humano. 

Veja que muitos pensadores afirmam que só existe um tipo de desenvolvimento que devemos lutar e perseguir: é o desenvolvimento humano. Como disse certa vez Rui Barbosa: o Brasil? O Brasil não tem problemas, tem sim oportunidades adiadas. 

O que é importante colocar, que não é a abundância de recursos (mesmo porque os nossos recursos naturais foram capturados por uma elite perversa sem escrúpulos), a grande questão, mas a grande concentração de renda, terra e recursos diversos nas maõs de poucos neste país. 

Neste sentido, lanço alguns questionamentos para o discurso do "desenvolvimento sustentável":  este modelo econômico fundado nas energias fósseis irá reduzir a miséria hoje diante da escassez de recursos quando não tiveram a minima vergonha de combater a miséria quando tínhamos abundância?  

Left, (2001) escreve que o discurso do desenvolvimento sustentável funciona como uma ideologia para legitimar as novas formas de apropriação da natureza às quais já não só poderão opor-se os direitos tradicionais pela terra, pelo trabalho ou pela cultura. 

Para o autor Henrique Left, é necessário construir uma racionalidade social e produtiva que, reconhecendo o limite como condição de sustentabilidade, funde a produção nos potenciais da natureza e da cultura. 

Avançamos em conservação ambiental e proteção, mas muito pouco diante do que poderíamos ter realizado. 

Vejamos, vou aqui disponibilizar alguns dados pesquisados com as devidas referências: Para produzir 1 tonelada de papel são necessárias 2 a 3 toneladas de madeira, uma grande quantidade de água (mais do que qualquer outra atividade industrial), e muita energia (está em quinto lugar na lista das que mais consomem energia). 

O uso de produtos químicos altamente tóxicos na separação e no branqueamento da celulose também representa um sério risco para a saúde humana e para o meio ambiente - comprometendo a qualidade da água, do solo e dos alimentos. 

Para contornar a situação, algumas saídas têm sido apontadas, como a utilização de madeira de reflorestamento, para frear a derrubada nas poucas áreas remanescentes de matas nativas, a redução do emprego de cloro nos processos de fabricação e a reciclagem do papel. 

Porém, mesmo com essas medidas, e ao contrário do que as indústrias procuram estampar nos rótulos de seus produtos, ainda estamos muito longe de alcançar uma produção limpa e sustentável. Atualmente 100% da produção de papel e celulose no Brasil emprega matéria-prima de áreas de reflorestamento, principalmente de eucalipto (65%) e pinus (31%). 

Mas nem por isso podemos ficar tranqüilos. Segundo a consultora de meio ambiente do Idec, Lisa Gunn, utilizar madeira de área reflorestada é sempre melhor do que derrubar matas nativas, mas isso não quer dizer que o meio ambiente está protegido. "Quando o reflorestamento é feito nos moldes de uma monocultura em grande extensão de terras, não é sustentável porque causa impactos sociais e ambientais, como pouca oferta de empregos e perda de biodiversidade." Continua a pesquisa... continuando.... De acordo com algumas pesquisas científicas, a monocultura do eucalipto, por exemplo, consome tanta água que pode afetar significativamente os recursos hídricos. 

Segundo Daniela Meirelles Dias de Carvalho, geógrafa e técnica da Fase, uma organização não-governamental que atua na área sócio-ambiental, só no norte do Espírito Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o eucalipto foi introduzido no estado. 

Ainda segundo Daniela, a indústria de celulose chegou ao Espírito Santo na década de 1960, quando se iniciou um rápido processo de devastação da Mata Atlântica e expulsão de comunidades rurais. "A empresa Aracruz Celulose invadiu áreas indígenas em processo de demarcação e expulsou índios tupiniquins e guaranis de 40 aldeias. 

No norte do estado, a empresa ocupou terras quilombolas, expulsando cerca de 10 mil famílias", afirma. De acordo com a Fase, atualmente restam apenas seis aldeias indígenas, que reivindicam 10.500 hectares indevidamente apropriados pela empresa, e 1.500 famílias quilombolas. "Junto com pequenos agricultores, essas comunidades, mesmo tendo resistido a pressões e permanecido em suas terras, sofreram perdas enormes e hoje vivem ilhadas entre eucaliptos, sujeitas às freqüentes aplicações de agrotóxicos", diz Daniela. 

Depois da Aracruz, vieram outras empresas para a região, como a Suzano e a Bahia Sul, que, segundo a geógrafa, ocupam as terras mais agricultáveis e áreas que deveriam ser de conservação permanente. "Tudo com a conivência dos governos, que atuam como facilitadores liberando plantios, autorizando o desvio de rios (como o Rio Doce) para abastecer a fábrica e liberando recursos via BNDES para os programas de expansão das empresas", critica a geógrafa. 

Portanto, veja meus amigos que o discurso do desenvolvimento sustentável é muito bonito destas empresas de celulose, mas é preciso investigar para saber os reais danos, principalmente as pessoas que vivem em comunidades. http://www.idec.org.br/rev_servicosa 

E o  discurso do "pensar globalmente e agir localmente" é bonito, mas distante daquilo que precisamos fazer urgentemente. 

Ok, somos agora cidadãos do mundo talvez na vivência deste pensamento, mas precisamos avançar mais na cidadania planetária ou na ética planetária divulgada pelo teólogo e pensador universal Leonardo Boff. Diz Left, 2001, p. 31, o conceito de sustentabilidade surge como resposta à fratura da razão modernizadora e como uma condição par construir uma nova racionalidade produtiva, fundada no potencial ecológico e em novos sentidos de civilização a partir da diversidade cultural do gênero humano. Segundo o autor, trata-se da reapropriação da natureza e da reinvenção do mundo; de um novo mundo, por uma diversidade de mundos. Portanto, o que está em discussão na verdade e a mudança do modelo de produção, o modo nosso de vida que é insustentável. 

O que está em questão, por exemplo, na questão da empresa de celulose é investir em um modelo de produção que traga menos impactos ambientais no mundo, como processo de manejo florestal, reduzindo desperdicio e com ecoefiência. Olá Rafael, O que é importante também destacar é que termo desenvolvimento sustentável tem evoluído, como diz Camargo, 2008, desde o seu surgimento, de forma a abarcar em si todas as questões que inter-relacionam meio ambiente e desenvolvimento humano. 

Neste sentido, segundo o autor, o desenvolvimento sustentável possui a dimensão critica da necessidade de coexistência e a coevolução dos seres humanos entre si e com as demais formas de vida do planeta, além de ser também concebido como um novo paradigma que relaciona aspirações coletivas de paz, liberdade, melhores condições de vida de um meio ambiente saudável. 

Por fim, o desenvolvimento sustentável sinaliza uma alternativa às teorias e aos modelos tradicionais de desenvolvimento, desgastados numa série infinita de frustações. 

CAMARGO, Ana Luiz de Brasil. Desenvolvimento Sustentável. Dimensões e Desafios. Papirus, 2008. 
LEFT, Enrique. Saber Ambiental. Editora Vozes, 2001. Abraços. Luís Moreira Olá Gilmar,



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