Só há uma base para as quedas dos mercados ontem e no início desta manhã: a desconfiança e/ou medo de que o Congresso americano não aprove o pacote de resgate do sistema financeiro. Se, por outro lado, você admitir que a liderança política americana pode ser tudo menos louca, então concluirá que o pacote vai sair e que a situação estará sob administração.
O noticiário vindo dos EUA confundiu as coisas. Tomem o Washington Post: “Congresso em luta pelo plano de resgate”, diz sua principal reportagem. “Negociações sobre o plano de resgate avançam no Congresso”, diz o New York Times.
Curioso que, na substância, os dois jornais dizem a mesma coisa. Que a negociação avançou em alguns pontos importantes – como a criação de um órgão para supervisionar a aplicação dos US$ 700 bilhões – e ainda estava pendente em outros, como limitar a remuneração dos executivos de bancos que aceitassem a ajuda do governo.
Um pegou pelo que avançou, outro pelo que empacou.
Mas, gente, vamos nos entender: não existe a menor possibilidade de não sair o pacote. Há divergências sobre o alcance, as modalidades, mas também o entendimento de que não há outra saída fora do plano de capitalização dos bancos. Congresso, governo e lideranças econômicas dos EUA também sabem que o tempo é curto.
Ou seja, dentro de poucas semanas, o Tesouro americano estará comprando os tais ativos podres. A menos que alguém descubra outra solução genial ou a menos que todos resolvam pular no buraco da recessão por puro sado-masoquismo.