SÃO PAULO - Professor titular do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP e ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer diz que o risco de racionamento de energia em 2013 não está descartado. Sauer considera que o governo errou ao dar prioridade às termelétricas nos leilões de energia dos últimos anos, o que segurou o avanço da geração hidrelétrica e eólica, mais baratas. — Os erros do governo viraram custos, essa conta de R$ 1 bilhão a mais por mês pela utilização das termelétricas é culpa de um sistema que foi instituído pela ministra e atual presidente, que funciona mal — diz. Sauer afirma que os custos de operação das termelétricas chega a ser cinco vezes superior ao das hidrelétricas. Por isso , o governo deveria ter dado prioridade à expansão da capacidade de geração de energia em usinas hidrelétricas e eólicas. Segundo ele, a situação atual de escassez de água nos reservatórios reflete as falhas de planejamento do sistema elétrico brasileiro. Um exemplo dessa deficiência são os 600 MW de usinas eólicas que estão prontos, mas não entraram em operação por causa da falta de um sistema de transmissão. — A presidente historicamente tem sido mais bem-sucedida em encontrar culpados do que em assumir os erros. Ela disse que tem falha humana, mas a mais importante falha humana provavelmente foi dela própria, na construção de um modelo ineficiente — afirma Sauer . O uso das termelétricas eleva o custo da energia no mercado livre e traz o risco de falta de gás natural para a indústria. Sauer lembra que o resultado dessa alta nos preços é a redução da atividade industrial, crucial para o crescimento. — Um país que sonha com um "pibão " em 2013 não pode deixar como herança um sistema caótico de energia. (Paulo Justus)