O ministro José Temporão (Saúde) e o senador Tião Viana (PT-AC) viraram saco de pancadas do PMDB -e não estão apanhando pelos defeitos, mas possivelmente pelas virtudes. Temporão foi indicado para a Saúde pelo governador do Rio, Sérgio Cabral. Lula gostou, e ele acabou ficando, como se fosse "da cota" do PMDB. É uma mentirinha que convém a Lula, a Temporão, a Cabral, ao partido e, quem sabe, também à própria Saúde. Vira e mexe, o pacto da mentirinha é ameaçado por um dos muitos peemedebistas que meteram a colher e os afilhados no cargos da Saúde e esperam que eles lhes peçam a bênção, não a Temporão. A coisa ficou feia porque o ministro disse em público o que qualquer um sabe: a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) é um antro de corrupção. Não bastasse o, digamos, constrangimento de desvios em área tão sensível, a queda-de-braço agora é em torno da saúde indígena (e suas verbas), que os líderes do PMDB puxam para dentro da Funasa, e Temporão empurra para fora. Por que será que o PMDB está tão sensível à causa indígena? Mistério! Quanto a Tião: ele passou a ser o "candidato natural" à presidência do Senado quando o PT e o PMDB fizeram um acordo para eleger o peemedebista Michel Temer na Câmara. PMDB na Câmara corresponderia a PT no Senado, mas o PMDB é o maior partido das duas Casas e exige as duas presidências. O que há por trás? A mágoa do senador Renan Calheiros, que acusa Tião Viana de ter dado uma mãozinha para derrubá-lo da presidência depois da história torpe da Monica Lewinski brasiliense. São dois pequenos exemplos de como o PMDB, além de noiva cara e assanhada, é também insaciável e dada a chiliques. Temporão e Tião têm que botar as barbas e sobretudo os cargos de molho, mas quem deve se preocupar são Lula e, logo, logo, Dilma Rousseff. Ela não sabe o que é bom para tosse. |