Próstata: exame de urina poderá diagnosticar câncer
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Próstata: exame de urina poderá diagnosticar câncer


Uma desculpa a menos

Cientistas descobrem que a presença da molécula sarcosina
na urina indica a existência de tumores não benignos na próstata.
Pode ser o fim do temido exame de toque retal


Naiara Magalhães

Stem Jems/Photo Researchers/Latinstock
A CÉLULA DOENTE Segundo tumor mais frequente entre os brasileiros, o câncer de próstata atinge 50.000 vítimas por ano

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A resistência masculina a consultas médicas em geral, aliada a suscetibilidades específicas quando a questão esbarra em territórios interditos, tornou o exame de toque retal um espectro para grande parte dos homens. Para estes, uma boa notícia: o exame, até agora imprescindível para o diagnóstico precoce do câncer de próstata, poderá ser substituído por um simples teste de urina. Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, descobriram que a presença na urina da molécula sarcosina, um derivado do aminoácido glicina, é um indicativo da existência do tumor em sua forma não benigna. A parte não tão boa da novidade é que essa ainda é apenas uma possibilidade e serão necessários ao menos cinco anos para que o teste chegue ao mercado.

Segundo um dos autores do estudo, o patologista Christopher Beecher, os cientistas trabalham neste momento para tornar o exame mais sensível – ou seja, capaz de detectar a substância ainda que em quantidades reduzidas. Mesmo na hipótese de eles fracassarem (e, nesse caso, o adeus ao toque retal terá de ser adiado), o novo teste poderá ocupar o lugar de outro exame igualmente indispensável para o diagnóstico do câncer de próstata – aquele que mede o nível de PSA no sangue (e que aterroriza outro grupo de valentões: o dos que sentem a visão escurecer só de ver uma agulha). De acordo com Beecher, os estudos já mostraram que a detecção de sarcosina na urina tem uma acuidade maior que a do teste de PSA no sangue. Além dos avanços no diagnóstico, a associação da sarcosina com o câncer de próstata aponta para uma nova possibilidade terapêutica. A equipe de Michigan encontrou indícios de que a molécula não seria apenas um indicador da existência do tumor no organismo, mas teria também um papel no desenvolvimento da doença: ela estimularia o movimento das células cancerosas em direção aos tecidos saudáveis. Isso leva os cientistas a crer que, se puderem impedir a produção dessa substância, conseguirão também evitar que o tumor se alastre.

O teste de detecção da sarcosina não é o único candidato a substituir o toque retal: o de identificação da proteína EPCA-2 – encontrada no sangue e também reconhecida como um marcador da doença – deverá ser lançado em 2013. Essas perspectivas animam pacientes e médicos: "Todo exame menos invasivo ganha maior adesão das pessoas", diz o urologista Celso Gromatzky.

O que a descoberta pode trazer

Diagnóstico sem exame de toque

Hoje, para detectar precocemente a presença de células cancerosas na próstata, é preciso submeter-se a exame de sangue e de toque retal. A descoberta das funções da sarcosina pode viabilizar o diagnóstico da doença por exame de urina

Tratamento mais eficiente

Há indícios de que a sarcosina não apenas serve para indicar a presença de tumores na próstata, mas tem um papel no desenvolvimento da doença. Se os médicos conseguirem frear sua produção, é possível que também contenham o avanço do mal sem que ele evolua para uma metástase


Fontes: Christopher Beecher, da Universidade de Michigan, e Celso Gromatzky, urologista




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