Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado. George Orwell, 1984
Política

Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado. George Orwell, 1984



“Hoje um facto é verdadeiro não porque obedece a critérios objectivos, rigorosos e comprovados na fonte, mas simplesmente porque outros media repetem as mesmas informações e “confirmam”… A repetição subsitui-se à verificação. Se a televisão (a partir de um despacho ou de uma imagem de agência) apresenta uma noticia e em seguida a imprensa escrita e a rádio a retomam, tal basta para creditá-la como verdadeira”
Ignácio Ramonet, in “A Tirania da Comunicação”

Publicado por Rui Marques, no “Público”(18/Junho):
“Em Dezembro de 1989, em plena convulsão do Leste europeu, correram mundo as imagens de valas comuns descobertas em Timisoara que testemunhariam os massacres aí ocorridos, nos dias de levantamento da Roménia contra o ditador Ceausescu. Falava-se de cerca de 4000 mortos nesta cidade, num total de 70000 em todo o país, em poucos dias de revolta. Tais imagens tiveram uma repercussão extraordinária nas opiniões públicas mundiais e respectivos governos. A pressão sobre Ceausescu subiu a tal ponto que o fez cair. Julgado sumariamente, foi condenado com a sua mulher a execução imediata. O mundo rejubilou. A Roménia era livre. Poucos comentaram o facto de, mais tarde, se ter descoberto que as referidas imagens de valas eram falsas e não correspondiam a massacrados de Timisoara. Foi uma das maiores fraudes mediáticas já registadas.
Em 1999, em pleno referendo timorense, sucediam-se as imagens trágicas de “mortes” de figuras relevantes da sociedade timorense – desde o pai de Xanana Gusmão à irmã Margarida ou o padre Domingos Soares; anunciou-se tambem o desaparecimento de D. Basilio do Nascimento – com enorme impacto na opinião pública internacional. Mais tarde, veio a confirmar-se que não correspondiam à verdade”.
Estes são dois dos exemplos de que nem sempre o que os Media dizem é verdade, antes pelo contrário, os órgãos de informação Corporativos servem amiúde para veicular contra-informação. É bem conhecido o caso da imagem da gaivota morta com crude na 1ª guerra do Golfo, transmitida insistentemente nos primeiros dias do ataque ao Iraque, para diabolizar o inimigo e levar as opiniões públicas a aceitar a guerra. Tratava-se de uma foto de uma ave vítima de um derrame de um petroleiro acontecido anteriormente. O caso do “arrastão de Carcavelos” cujo numero de 500 intervenientes foi logo desmentido pela PSP no próprio dia, vem na mesma linha. Nos dias de hoje, quem lê jornais ou vê televisões, tem de proceder como era habitual antes do 25 de Abril – ler nas entrelinhas das noticias – se queremos compreender verdadeiramente o que se passa. Alem disso a CENSURA funciona hoje pela repetição até à exaustão de catadupas de acontecimentos a maior parte deles fúteis. “Escolher” o que é INFORMAÇÃO entre todo esse joio, é uma tarefa igualmente exaustiva para quem é vítima e alvo dos interesses manipuladores dos Governos.



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