Ui, ui, ui, quanta gente sentida por causa da ironia que fiz com Obama posts abaixo. Qual é? Desde a campanha eleitoral, eu insisto que uma das virtudes do discurso deste senhor é falar aos antiamericanos; eles são o seu público-alvo; ele só é tão popular no planeta - embora já bata recorde de impopularidade em seu país para um presidente com o seu tempo de mandato - porque o antiamericanismo rombudo o toma como inimigo dos EUA - o que faz algum sentido. É claro que não acredito que ele integre algum complô para destruir o país ou bobagens afins. Mas que ele se coloca como o presidente de uma América que estivesse mais fraca do que realmente está, bem, disso não tenho a menor dúvida.
Repito aqui o que escrevi no dia 29 de julho a propósito da crise hondurenha:
Sim, senhores! Barack Hussein é refém da necessidade de fazer o que Bush NÃO faria, mesmo que aquele, eventualmente, pudesse, ocupando a cadeira da Casa Branca, fazer a coisa certa. Quem age assim é escravo de expectativas alheias. Na verdade, por mais que se tente fazer do atual presidente dos EUA um evento singularíssimo, sinto dizer que ele não existe como indivíduo. É a construção de uma época, e essa personagem das circunstâncias se mostra mais disposto a ser conduzido por elas do que a conduzi-las. Não é um líder, é um liderado; não conduz, é conduzido.
Obama chama para si todas as culpas do mundo, vive a pedir desculpas e fala o que todos querem ouvir. Como lembra Nile Gardiner, num excelente artigo no Telegraph, um presidente que se rende à pressão da Rússia contra o escudo na Europa Oriental, que se mostra manso com o Irã, que prega um mundo sem armas nucleares, que é tolerante com a canalha hondurenha, que se submete à discurseira cretina do aquecimento global… Bem, esse presidente, com efeito, ganha a simpatia do mundo. Na ONU, então, nem se fale.
Dos 192 países lá representados, quantos são democracias? Só para não esquecer: daquela gente toda que aplaudiu Lula quanto ele pediu a reinstalação do lunático Manuel Zelaya no governo de Honduras, quantos chegaram ao poder por meio de eleições livres? O grupo não deve chegar a um terço. É natural que ditadores vagabundos aplaudam lideranças tolerantes com ditadores vagabundos - ou, pior ainda, que sejam mesmo ditadores vagabundos.
O “novo compromisso” de Obama, ou que nome tenha este mundo que ele está disposto a não liderar, é aquele da emergência de potências médias sem compromisso com a democracia e com um sistema de liberdades individuais.
Muitos dirão: “Ah, Reinaldo, isso era inevitável!” Que fosse! Obama tinha a obrigação de ao menos tentar comprometer esses líderes com uma agenda de respeito a alguns princípios básicos da democracia. E ele não faz isso. Ao contrário: fica tentando provar o tempo todo que os EUA não são mais o que eram.
Sim, já sabemos. Não são! Mas também não são tão fracos quanto Obama sugere. Sei que há quem diga que Obama não passaria como tolerante com golpistas num caso tão irrelevante como Honduras. Trata-se de um juízo errado. O que está em debate na questão hondurenha é até onde se pode tolerar a transgressão a uma Constituição democrática. É claro que golpe com tanques é inaceitável. Mas golpe com urna também é.
Os EUA, mesmo com seu poder abalado, ainda têm reputação e presença nas Américas para deixar isso claro; têm a obrigação histórica e moral de conter o chavismo. Obama nada fez. Ao contrário: estimulou o esmagamento de Honduras. É bem possível que seu governo tenha até participado da canalhice que lá está em curso.
Obama é um fraco! Como, felizmente, só pode ser reeleito pelos americanos - ao menos por enquanto… - e não pelos 192 da ONU (mais da metade forma uma verdadeira corja), basta que os republicanos não façam muita bobagem para apeá-lo do poder em três anos e pouco. “Ah, mas e se ele aprender a ser presidente do EUA?” É, pode ser que aprenda. Por enquanto, ele se comporta como um patético estagiário.