Março de 1979. Eu não conseguia esconder a empolgação. Depois de anos vendo trechos do Centro do Rio escondidos por tapumes, estava ali, na Estação Cinelândia, numa pequena fila, aguardando para comprar o meu bilhete do metrô. Não me lembro do preço. Mas me lembro do trajeto. Saí da Cinelândia e fui até a Estação Presidente Vargas. Ali, mudei de lado e retornei. Deslumbrado. Tudo era bonito. Mármore nas estações, trens limpinhos, confortáveis, espaço para todo mundo, boa sinalização. Não era para levar muito a sério. Servia só como passeio mesmo. O metrô, velho sonho da cidade, foi inaugurado com apenas cinco estações: além da Cinelândia e da Presidente Vargas, podíamos usar as da Praça Onze, da Central e da Glória. Só funcionava das nove da manhã às três da
tarde. Tinha quatro trens que chegavam a cada oito minutos. Transportava 60 mil pessoas por dia.
Naquela primeira viagem de 34 anos atrás, acreditei, como toda a população, que o Metrô tinha futuro. Hoje, são duas linhas, 35 estações e 640 mil passageiros por dia. E o caos. O ar refrigerado não funciona. Os trens vivem abarrotados. A limpeza dos primeiros anos transformou-se num mafuá onde se vende de tudo. As escadas rolantes não rolam. Os elevadores não se mexem. E a extensão, convenhamos, é ridícula. Tenho vergonha quando me dou conta de que nosso metrô cobre uma área menor que a do metrô de Brasília. Comparando com o de São Paulo, então, é bom nem falar.
Um sistema de transporte eficiente que integrasse toda a cidade ficou no sonho. O metrô carioca parece uma minhoca que se estende infinitamente. Era óbvio que não se encontraria uma alternativa para o o fechamento das duas última estações da Zona Sul. As linhas não se cruzam e as estações são muito distantes uma da outra. Perdendo-se uma estação, o usuário tem que apelar para outro tipo de transporte.
Quem está chegando agora pode pensar que foi sempre assim. Não é verdade. Durante quase 20 anos, a extensão de nosso metrô cresceu e a limpeza e eficiência continuaram funcionando. O caos se implantou a partir da concessão para uma empresa privada em 1998. O carioca nunca foi conhecido por cuidar de sua cidade. O metrô era uma exceção. Tornou-se exemplo de civilidade. Ninguém tinha coragem de jogar um papel de bala no chão. Com ele, aprendemos que, quando o serviço é bom, o usuário cuida e respeita. Hoje, o usuário trata mal o metrô. A culpa é do serviço. Ninguém gosta de pagar caro — e o metrô é caro à beça — por um produto medíocre.
tarde. Tinha quatro trens que chegavam a cada oito minutos. Transportava 60 mil pessoas por dia.
Naquela primeira viagem de 34 anos atrás, acreditei, como toda a população, que o Metrô tinha futuro. Hoje, são duas linhas, 35 estações e 640 mil passageiros por dia. E o caos. O ar refrigerado não funciona. Os trens vivem abarrotados. A limpeza dos primeiros anos transformou-se num mafuá onde se vende de tudo. As escadas rolantes não rolam. Os elevadores não se mexem. E a extensão, convenhamos, é ridícula. Tenho vergonha quando me dou conta de que nosso metrô cobre uma área menor que a do metrô de Brasília. Comparando com o de São Paulo, então, é bom nem falar.
Um sistema de transporte eficiente que integrasse toda a cidade ficou no sonho. O metrô carioca parece uma minhoca que se estende infinitamente. Era óbvio que não se encontraria uma alternativa para o o fechamento das duas última estações da Zona Sul. As linhas não se cruzam e as estações são muito distantes uma da outra. Perdendo-se uma estação, o usuário tem que apelar para outro tipo de transporte.
Quem está chegando agora pode pensar que foi sempre assim. Não é verdade. Durante quase 20 anos, a extensão de nosso metrô cresceu e a limpeza e eficiência continuaram funcionando. O caos se implantou a partir da concessão para uma empresa privada em 1998. O carioca nunca foi conhecido por cuidar de sua cidade. O metrô era uma exceção. Tornou-se exemplo de civilidade. Ninguém tinha coragem de jogar um papel de bala no chão. Com ele, aprendemos que, quando o serviço é bom, o usuário cuida e respeita. Hoje, o usuário trata mal o metrô. A culpa é do serviço. Ninguém gosta de pagar caro — e o metrô é caro à beça — por um produto medíocre.