Sinal esperado O Globo Editorial
Política

Sinal esperado O Globo Editorial


- 07/11/2008

O presidente eleito, Barack Obama, não pode se dar ao luxo de respirar fundo após a vitória de terça-feira simplesmente porque a crise econômica nos EUA não dá trégua. O governo Bush, nos 75 dias até a posse, é pouco mais do que um mecânico fazendo ajustes na máquina até o piloto principal chegar. Como isso é muito pouco para o tamanho da crise, os mercados não tiram os olhos de Obama. A prometida antecipação do nome do secretário do Tesouro será uma sinalização importante, que poderá ajudar a desanuviar o clima pesado na economia.

A épica vitória criou colossais expectativas, e o presidente eleito terá pelo menos três desafios: estabilizar o sistema financeiro; lidar com uma recessão que torna a cada dia mais difícil a vida das pessoas; e financiar seus planos nas áreas de saúde, educação e meio ambiente. Não se pode esquecer que Obama prometeu, entre outras coisas, um corte de impostos para 95% dos americanos que ganham abaixo de US$250 mil anuais e a extensão do seguro-saúde a todas as crianças americanas. Como fazê-lo diante do déficit recorde, de quase US$500 bilhões, que poderá dobrar com o custo do socorro ao sistema financeiro?

São problemas que começam a ser encaminhados agora, em contatos com o governo Bush e na montagem da equipe econômica. Pelos nomes ventilados até agora, Obama recorrerá, em boa parte, a pesos pesados do governo Bill Clinton, reconhecidamente competentes e testados no dia-a-dia da administração. Já estão confirmados o chefe da Casa Civil, Rahm Emanuel, e o da equipe de transição, John Podesta, ambos veteranos da era Clinton.

Para a Secretaria do Tesouro, um dos nomes cogitados é o de Lawrence Summers, que ocupou, entre outros, o mesmo posto no governo Clinton (1999-2001). Possui a experiência de, na década de 90, ter atravessado as crises do México, da Rússia e da Ásia. Também cotado está Paul Volcker, um dos nomes mais respeitados no mundo financeiro, com o crédito de ter controlado a inflação nas décadas de 70 e 80, quando presidiu o Fed. Contra si tem a idade elevada - 81 anos.

Outros cotados são Timothy Geithner, presidente do Fed de Nova York; Laura Tyson, que dirigiu o Conselho Econômico Nacional no governo Clinton; e Jon Corzine, governador de Nova Jersey, ex-senador e ex-presidente do banco Goldman Sachs. Este terá de ser um tiro certeiro de Barack Obama.




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