Turbulência no voo: mais de vinte feridos
Política

Turbulência no voo: mais de vinte feridos


da Veja

Sacudidos nas alturas

Turbulência violenta em voo da TAM causa pânico
a bordo e deixa 21 passageiros e tripulantes feridos


Laura Ming e Paula Neiva

Werther Santana/AE e Rubens Cavallari/Folha Imagem

MEDO A 10 000 METROS
Marilda Torres (à esq.), que estava entre os passageiros socorridos em terra (acima) após o voo: "Muitas pessoas gritavam e todos nós achávamos que íamos morrer"

Na segunda-feira passada, os 154 passageiros que embarcaram em Miami no Airbus 330 da TAM com destino a São Paulo tiveram um voo tranquilo até meia hora antes da chegada. Quando o piloto iniciou o procedimento de descida, subitamente um inferno se instalou a bordo. Colhido por correntes de ar traiçoeiras em direções contrárias, o avião sofreu uma violenta turbulência. Primeiro, ele despencou 200 metros e, logo a seguir, foi arremetido para cima com igual violência. Durante três intermináveis minutos, os passageiros que estavam sem o cinto de segurança afivelado, assim como os comissários de bordo, que haviam acabado de recolher as bandejas do jantar, foram arremessados simultaneamente em direção ao teto e ao chão da aeronave. Quando finalmente o voo se estabilizou, havia dezesseis passageiros e cinco comissários de bordo feridos. O empresário Francisco Celestino Garcia fraturou o fêmur. A empresária Marilda Torres teve cortes no rosto e vários hematomas. "Depois que a turbulência passou e conseguimos voltar aos assentos, o clima de pânico não cessou", ela conta. "Muitas pessoas gritavam e todos nós achávamos que íamos morrer." Pouco depois das 7 e meia da noite, quando o avião aterrissou no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, os feridos foram encaminhados a hospitais, e, na sexta-feira passada, dois deles permaneciam internados.

Quem costuma andar de avião sabe que as pequenas turbulências são comuns – a aeronave balança e todos os passageiros ficam meio apreensivos. Turbulências violentas são mais raras. Em geral, os radares modernos avisam os pilotos da ocorrência de condições meteorológicas adversas 300 quilômetros antes que os aviões as alcancem. As investigações sobre o ocorrido na aeronave da TAM estão ainda em curso. Mesmo assim, sabe-se que, no dia do voo, os centros meteorológicos da Aeronáutica emitiram dois alertas sobre a presença de nuvens do tipo cúmulo-nimbo na região a ser percorrida pelo Airbus. Esse tipo de nuvem é um dos mais perigosos para a aviação. Em seu interior, pode abrigar tempestades elétricas, chuva intensa, gelo e ventos que chegam a 200 quilômetros por hora. As normas de segurança aérea recomendam que se altere a rota do avião para evitar essas nuvens. Os boletins da Aeronáutica informavam que o topo das nuvens se encontrava a 12 500 metros de altitude, 2 500 a mais do que o Airbus. A aeronave, portanto, estaria voando próximo às nuvens.

Mesmo que o piloto da TAM tenha se desviado dos cúmulos-nimbos, o avião pode ter sido atingido pelas áreas de instabilidade que eles provocam ao seu redor. É possível, também, que ele tenha sido submetido a outros fatores que provocam turbulências, como o deslocamento de ar decorrente da passagem de outra aeronave. "As turbulências são a maior causa de ferimentos envolvendo passageiros e tripulação na aviação comercial, mas, para evitar esses acidentes, basta uma precaução bem simples: usar o cinto de segurança", disse a VEJA Jim Burin, diretor da Flight Safety Foundation, instituição que monitora as condições de segurança do tráfego aéreo no mundo.

As turbulências provocam desconforto e causam acidentes na cabine, mas não se deve ter medo de que elas derrubem o avião. As aeronaves atuais são construídas para suportar até uma vez e meia os efeitos das turbulências mais fortes. As turbulências só aparecem em relatórios sobre acidentes aéreos associadas a outros fatores, como falhas mecânicas ou erro humano. Mesmo quando voa aos trancos, o avião continua a ser o meio de transporte mais seguro.

Com reportagem de Carolina Romanini

 




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