Uma concorrência sem concorrentes
O leilão não foi um sucesso, porque foi uma concorrência sem concorrentes, mas o governo diz que sim e é natural que comemore. Depois de cinco anos, conseguiu fazer a primeira licitação do pré-sal. Dentro das circunstâncias, o consórcio que se formou foi o melhor possível.
A Petrobras terá sócias experientes em exploração em águas profundas. Total e Shell são grandes empresas internacionais com uma carteira diferenciada de investimentos em campos no mar. As duas chinesas não têm a mesma história, mas fizeram, juntas, uma aposta de 20% do negócio.
A grande surpresa e que melhorou a qualidade do negócio foi, realmente, a entrada da francesa e da anglo-holandesa.
De todas elas, a Petrobras tem, de fato, maior controle da tecnologia de exploração de petróleo offshore, portanto, ela ser a líder do consórcio é a maior garantia de sucesso na produção.
A brasileira terá que entrar com R$ 6 bi dos R$ 15 bi do bônus de assinatura num momento em que está com dificuldades de caixa. Mas não é difícil para uma empresa do porte da Petrobras conseguir esses recursos. O "problema" é que tem muitos investimentos pela frente e é preciso estar mais forte financeiramente.
O governo, agora, deve conceder o pedido que a Petrobras tem feito de correção do preço da gasolina, o que melhoraria a geração de caixa da empresa no curto prazo.
O problema que o governo tem pela frente, agora, é rever ou aperfeiçoar o modelo de partilha, que não se saiu bem no teste.
Na última rodada, de concessão, pelas velhas regras, apareceram 60 empresas; desta vez, só 11 e duas não depositaram garantia. O governo esperava que 40 empresas fossem disputar esse leilão. Ficou evidente que muita coisa não funciona no modelo de partilha.