Política
Virada de jogo Celso Ming
O Estado de S. Paulo - 11/08/2009 |
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Uma ainda difusa, mas insistente percepção de que a crise está indo embora passa novas lições sobre o que significa a intervenção do Estado e o que valem, afinal, as projeções econômicas.
Há um mês, um grupo de políticos e de comentaristas econômicos americanos insistia com o presidente Obama em que era preciso reforçar o despejo de recursos para salvar os mercados. Hoje a pergunta gira sobre quando o Tesouro e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) iniciarão suas estratégias para enxugar os recursos que correm o risco de assoprar novas bolhas. O pânico foi embora com a divulgação dos resultados dos testes de estresse nos bancos. Não dá para dizer que foram tecnicamente isentos, pois alguns dos resultados foram combinados com os bancos. A tal iniciativa público-privada anunciada pelo secretário do Tesouro, Tim Geithner, para adquirir ativos podres nem de longe chegou a funcionar. Mas a verdade é que os mercados resolveram acreditar em que os bancos estão fora de perigo e um mínimo de confiança voltou a prevalecer. Os últimos relatórios sobre o desempenho do emprego nos Estados Unidos sugerem que a recuperação está a caminho. Até mesmo os catastrofistas globais, como Nouriel Roubini, Paul Krugman e Stephen Roach, começam a mudar de tom. Mas, afinal, será que apenas um ano após a quebra do Lehman Brothers a crise ficou para trás? Ou será que a tal maior crise global desde a Grande Depressão não era tudo isso?
Em todo o caso, ela mostrou duas coisas. Tanto mostrou que a maior parte dos economistas não enxergou o que acontecia como mostrou que não conseguiu entender nem seu desenvolvimento nem o impacto sobre a intervenção do Estado. E, no entanto, nunca se viu tão contundente intervenção dos governos no olho do furacão. Significa isso que basta que as autoridades estejam espertas e, em ocasiões assim, não vacilem em despejar seus trilhões para evitar qualquer grande desastre? Há mais questões à procura de resposta. Uma delas consiste em saber qual é a verdadeira situação dos grandes bancos. Ainda que tenham sido capitalizados, essa capitalização parece insuficiente para afastar definitivamente os problemas que até outro dia os ameaçavam. Os ativos podres continuam nos seus balanços, sem comprador. E qual a garantia de que não voltem às lambanças que os atolaram na crise, especialmente depois que foi sacramentado o princípio de que banco grande não pode quebrar? É correto dizer que o presidente do Fed, Ben Bernanke, e o secretário Geithner contribuíram decisivamente para a virada do jogo. Mas não dá para livrá-los da conta inteira. Enquanto a bolha inchava, Bernanke era o principal assessor econômico do presidente Bush e Geithner estava à frente do Fed em Nova York. Nenhum deles via necessidade de parar aquilo. Alguns trilhões de dólares depois, eles podem exibir troféus valiosos de vitórias decisivas contra o império do mal. Mas ainda terão de mostrar como se consolidam os mecanismos destinados a evitar que se repita o acontecido e como se conduz a estratégia de saída para impedir que a dinheirama despejada descambe em inflação, em novas bolhas e em novas crises. Confira
Deu o que tinha de dar - A queda de 4,9% nas vendas de veículos em julho em relação a junho parece indicar que a redução do IPI não produz mais o mesmo efeito.
A redução do preço do carro zero foi praticamente neutralizada pela queda do preço do usado dado como entrada. A principal consequência da redução do IPI foi a antecipação das vendas. Não houve criação de mercado novo. Como o consumidor vai agora levar de dois a três anos para pagar seu carro novo, não voltará tão cedo às compras. A redução do IPI vai ser revertida gradativamente a partir de outubro. |
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