Política
o filósofo da moda, o esloveno que é uma produção tardia da geração hipotecada,
Slavoj Žižek, faz hoje em dia grande sucesso teorizando sobre o facto do tipo de linguagem e os métodos dos Neocons da Nova Ordem Mundial se assemelharem em tudo à dos “
grupúsculos de extrema esquerda” na Europa dos anos setenta – chega ao ponto de intitular muito prosaicamente de “
liberais-comunistas” os extremistas que se acoitaram à sombra de Bush em Washington. Fará sentido?
Brigitte Mohnhaupt, considerada “a mulher mais perigosa” da Alemanha, fez parte de um desses “grupúsculos”, o Baader Meinhof, e saiu da prisão de Aichac a semana passada, onde cumpria 5 penas de prisão perpétua. A imprensa sensacionalista diz que a Alemanha ainda tem medo da terrorista que nunca se arrependeu pelos crimes que cometeu e que deveria ter pedido desculpa, mas nunca o fez. Dizem eles que os alemães nunca entenderam porque é que jovens radicais estudantes universitários, filhos da classe média, se transformaram em terroristas fanáticos, decididos a derrubar o “Estado capitalista” e a fazer a revolução em nome de um operariado que nada lhes pedira.
A 1ª geração do Exército Vermelho (RAF) foi fundada pelos idealistas
Andreas Baader, a sua companheira, a lendária
Gudrun Ensslin, e a jornalista de esquerda
Ulrike Meinhof; eles achavam que não bastava gritar contra a guerra do Vietname, contra o capitalismo e a Coca-Cola. Era preciso
atacar o Estado subjugado pelo imperialismo americano que estava a ser consolidado desde que os alemães tinham perdido a guerra, onde judeu Konrad Adenauer fazia de correia de transmissão da nova ideologia e os capitais americanos despejavam literalmente milhões em cima dos executivos “sociais democratas” que criariam o espantalho mór da liberdade: Willy Brandt – a grande concunbina neoliberal de Mário Soares.
As acções terroristas do RAF começaram por tentativas de rapto de “porcos capitalistas” (na gíria jornalista-corporativa): o banqueiro Juergen Ponto e o cão de fila da indústria Hanns-Martin Schleyer, mas depois da primeira vaga de prisões que levaria os militantes Jan –Carle Raspe, Baader e Gudrun ao suicidio, o movimento, como que comandado por uma mão invisivel*, renasceu numa 2ª geração – em 1981 Brigitte é presa na sequência da tentativa de assassímio do
general americano Frederick Kroesen.
Na mesma época, o caso italiano das “Brigadas Vermelhas”, que culminou no rapto e assassinato do chefe de fila dos “cristões-democratas”
Aldo Moro, foi quase decalcado a papel quimico do processo terrorista alemão, ou vice versa.
A resposta do Estado no exterminio dos “grupúsculos de extrema-esquerda” foi brutal, e queimou toda a terra ideológica de esquerda em seu redor – com o parto do mongolóide “
eurocomunismo” desaparecia efectivamente toda a oposição consequente à colonização americana do continente. Para compreender como tal foi possivel temos de ir atrás da tal mão invisivel* e estudar atentamente o que foram os "
Clandestine Planning Committee" (CPC) e o "
Allied Clandestine Committee (ACC), que estão hoje perfeitamente identificados: eram sub-estruturas clandestinas da Aliança Atlântica (NATO).
Daniele Ganser, professor de história contemporânea na universidade de Basileia e presidente da ASPO-Suíça, publicou um livro de referência sobre os "
Exércitos secretos da NATO" (2004). Segundo ele os Estados Unidos organizaram na Europa Ocidental durante 50 anos atentados que atribuíram mentirosamente à esquerda e à extrema esquerda para as desacreditar aos olhos dos eleitores. Todas as “conspirações da extrema esquerda” ficaram “expostas” quando dois dos bombistas de Bolonha foram levados a um tribunal italiano, forçados a declarar os seus objectivos e admitiram que eram neo-fascistas, contratados pela CIA. Assim, há que estudar igualmente com atenção o que foi a "
Operação Gládio" e questionarmo-nos se, em face das cada vez maiores dúvidas sobre os atentados em Madrid e Londres, se esse tipo de práticas não estarão ainda em vigor.
Numa altura em que cada vez mais se percebe
que as opiniões públicas estão a ser amansadas
para novas guerras em grande escala - quem são,
e onde páram os terroristas?
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