Gran Colombia? ou República Bolivariana?
Política

Gran Colombia? ou República Bolivariana?


Raúl Reyes foi um revolucionário que deu a sua vida por uma causa em que acreditava (...) (nós os revolucionários, não celebramos mortes), celebramos a vida e lutaremos sempre pela vida e pela paz, mas é até obsceno ver rostos sorridentes, diabolicamente saciados, a anunciar mortes e mortes de colombianos. Isto apela à reflexão"
Miguel Urbano Rodrigues

No passado dia 23 de Janeiro durante a visita de Álvaro Uribe a Espanha, a correspondente do diário colombiano “El Tiempo” em Madrid noticiava: “Espanha oferece-se a Uribe como aliada na defesa da soberania da Colombia nas fronteiras”. Obviamente houve um acordo encoberto sobre algo que iria acontecer para que estas declarações a despropósito tivessem tido lugar.
O Governo espanhol está e estará com o Governo da Colômbia quando se trata de enfrentar problemas de soberania nas suas fronteiras e quando este deva determinar o que deve ser feito nas suas realções com as FARC” disse de forma directa e explicita o primeiro ministro espanhol espanhol José Luis Rodríguez Zapatero – “Nada deve ser feito com as FARC sem o acordo do Presidente Uribe”, acrescentou o chefe do governo para tornar as coisas mais claras. (fonte)

Isto acontecia enquanto Hugo Chávez geria as negociações para a libertação unilateral de prisioneiros em poder das FARC. Sem qualquer sinal de resposta por parte da Colombia para a libertação dos 500 revolucionários encarcerados, alguns deportados para os EUA. Infelizmente, as acções de conciliação com traidores como Uribe normalmente têm desfechos trágicos como recompensa.
O governo fascista colombiano anunciou dia 1 de Março que o Comandante Raul Reyes, do Secretariado das FARC-EP, foi “morto em combate”. Juntamente com Raul Reyes foram abatidos outros 16 combatentes das FARC num acampamento ao Sul do Rio Putumayo, próximo da fronteira com o Equador. Terão sido vitimados por bombardeamentos efectuados pela Força Aérea Colombiana. Os guerrilheiros foram massacrados enquanto dormiam. O bombardeamento só foi possível graças à espionagem electrónica e aos satélites dos EUA que apoiam as forças militares e policiais do governo Uribe. (ver video do local do ataque)

O governo da Colômbia justificou a violação de soberania do Equador dizendo em comunicado que as tropas colombianas foram atacadas: “foi indispensável entrar 1800 metros em território equatoriano para anular a origem dos disparos”. Como é falso, o presidente Rafael Correa desmentiu: “não houve nenhuma perseguição a quente, não foi nenhum combate, foi um assassinato cobarde, friamente calculado”. Bogotá soube, por delação, que este grupo se encontrava ali. Além do mais, o Equador tem funcionado praticamente como protectorado norte americano; o que está em causa é a existência do Plano Colômbia, (onde os EUA já esturraram milhões para controlar a América do Sul e a base militar norte-americana de Manta no Equador. A coligação EUA-Governo Uribe oferecia por Raul Reyes segundo a hierarquia das FARC vivo ou morto 2,7 milhões de dólares. A denúncia foi paga e uma esquadrilha de Super Tucan`s da Força Aérea mais poderosa e bem equipada da América Latina, descarregou uma chuva de bombas sobre o acampamento.

Mapa da Grande Colombia, a Republica Bolivariana (1819-1831)

Pelo menos cinco entidades, ideológicas umas, comerciais outras, reinvindicam o património politico cultural do General espanhol Simon Bolivar: 1. os Estados Unidos com a imprevisivel estátua a sul de Central Park (NY) em nome da "liberdade e independência", conceitos vagos, caídos em desuso depois da Doutrina Monroe, completamente inadaptados à realidade actual ; 2 Hugo Chávez e a maioria do povo da Venezuela com a tentativa de construção de uma utopia que, caso a inconsequência se prolongue, pagarão cara a derrota; 3. Bush, como outros presidentes anteriores, Uribe e a parte do povo colombiano colonizada que vêm lançando o país numa carnificina de quatro décadas em nome de um projecto anti-democrático fundado no "Plano Colombia" redigido e levado à prática pelos Estados Unidos; 4. o Movimento de Libertação colombiano anti-Imperialista EP Exército do Povo (em nome das FARC com um programa de caracter marxista); 5. O sub-imperialismo de Espanha, em nome do capital transnacional, apostado numa solução de exploração neo-colonial que visa voltar a “espanholizar” as antigas colónias.

Este último, por ser o que usa o melhor disfarce, o do Partido dito Socialista, é o mais perigoso!; na medida em que Zapatero e o Rei Bourbon actuam em nome das grandes empresas, dos mega bancos e dos seus poderosos meios multimédia, com a vantagem da penetração tradicional destas instituições através da língua comum, estatuto inviável para a imagem odiosa e incompreensivel dos gringos do norte. Todos conhecem o nome das lanças cravadas na América que fala espanhol (e português): Repsol, YPF, Telefónica, Endesa, Banco Santander, BBV (entre outras como a Cepsa, Sanitas, Prossegur, Mapfre, Águas de Barcelona, grupo Fenosa, etc.), coordenados pelos polvos mediáticos Planeta e Prisa; grupos de quem os politicos nomeados para os governos são meros gestores (ver mais)

Raúl Reyes, na era antes-de-Bush,
durante conversações de paz
com o anterior presidente colombiano
Andrés Pastrana Arango

São estes os interesses que convocam a América do Sul para o limiar de um novo foco de guerra (fonte) E é, finalmente, na posse destes dados que poderemos compreender o aviso do presidente Hugo Chávez ao peão do Império:
"Uribe: não semeies outro Israel na América do Sul", referindo-se a esta violação do direito internacional que fomenta a quebra de unidade entre povos latino-americanos: “Não lhe ocorra, Presidente Uribe, fazer o mesmo em relação à Venezuela. Isso seria muito grave, seria um casus belli, um caso de guerra (...) concluindo:
"O punho da guerra é o punho do Império porque o governo da Colômbia decidiu o caminho, optou pelo caminho da guerra e da morte. Não é soberano o governo da Colômbia nisto, é uma imposição do governo norte-americano, é a primeira coisa que há a dizer"

* Monthly Review: o Plano Colombia é a verdadeira força desestabilizadora na América do Sul - por Carlos Martinez

* NewYorkTimes: Bush e a Colombia: 600 milhões por ano em ajuda, com um pedido de aumento
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