O extermínio das vozes dissidentes
Política

O extermínio das vozes dissidentes


Segundo Eric Sottas, director da Organização Mundial Contra a Tortura, a intenção de aniquilamento de todo um grupo politico é um crime que ainda não está clarificado a nível internacional

A ofensiva do Império contra os revolucionários das FARC-EP (Exército Popular de Libertação da Colômbia) transcende as fronteiras do seu país e já se estende à Europa, como parte da ofensiva mais geral do capitalismo contra a humanidade que (sobre)vive do sistema de assalariamento. O governo de Álvaro Uribe, pela interposta pessoa do super-juiz Baltazar Garzón, já encontrou uma nova vítima: a espanhola María Remedios García Albert, que, acusada de “delito de colaboração com um grupo terrorista na “operação Cali”, saíu em liberdade condicional com uma fiança de 12 mil euros a pagar em 8 dias. No mínimo, o linchamento mediático de Maria Remédios nos meios de comunicção já começou. A acusação baseia-se na famigerada “informação” recolhida do famoso computador do nº2 das FARC Raul Reyes, assassinado em Março passado pelos consultores militares estrangeiros em parceria com o exército colombiano quando negociava a libertação de reféns. Algo não bate certo, porque no dia seguinte a acusação passou de “delito de colaboração” a “possivel delito de colaboração com grupo armado”. Decerto que nada de consistente juridicamente existe contra a cidadã espanhola, trata-se de um bluf (1) Nunca nada foi legislado em Espanha declarando jurídicamente as FARC como grupo terrorista. Estamos perante a criminalização da solidariedade que visa todas aquelas pessoas que mantêm contactos humanitários com a guerrilha, conforme o direito internacional, em busca de uma solução pacífica para o conflito; trata-se também de uma manobra de diversão destinada a ocultar notícias como a detenção do congressista Carlos Garcia do Fisco colombiano acusado de ligações aos bandos armados paramilitares de extrema direita e sócio politico de Uribe (segundo a revista Semana já são 70 o número de congressistas implicados) – assim, o juiz Garzón ao pactuar com o chefe do Fisco colombiano Iguaran, um indefectivel uribista, faz o pleno, ao fazer com que o Sistema Judicial espanhol seja cúmplice do terrorismo de Estado colombiano.

¿Quem investiga os assassinatos políticos na Colômbia?

Nem as tropas alemãs de Hitler (ou as de Roosevelt, Churchill ou Estaline) utilizaram alguma vez o símbolo da Cruz Vermelha para cometer acções de guerra. Mas o narco-presidente que se legalizou no governo da Colômbia fê-lo. O famoso resgate dos três mercenários norte-americanos, dos 11 polícias e militares e de uma politiqueira colombiana foi efectuado usando um helicóptero pintado com o símbolo da Cruz Vermelha Internacional – organização que é inteiramente alheia a tal manobra. As mais poderosas forças armadas da América Latina – coadjuvadas pelas dos EUA e assessoradas por conselheiros militares israelitas – precisaram de um ardil sujo a fim de alcançar o seu intento. "César" subiu para o helicóptero porque este tinha os emblemas da Cruz Vermelha

(2) lembrete para os neocons e tutti quanti (Saramago incluido) que persistem em considerar as FARC como um “movimento terrorista”

Nem Chavéz, nem Correa, nem Morales, nem a maioria dos que se interessam pela verdade histórica, ignoram o que se passou com a União Patriótica da Colômbia (UP). Este partido político foi fundado em 1984 como parte de uma proposta política que previa a legalização das FARC. O então presidente Belisario Betancur manteve negociações com a oposição, até os norte americanos agilizarem de novo o Plano Colômbia e o financiamento que levaria o extremista Álvaro Uribe ao poder apoiado por forças paramilitares. Desde então, segundo as organizações de direitos humanos, desde a fundação da UP, deste partido foram assassinados 2 candidatos presidenciais, 8 congressistas, 13 deputados, 70 vereadores concelhios, 11 autarcas e cerca de 5000 militantes. Quando Chávez aliciou recentemente mais de 10 mil guerrilheiros a deporem as armas sem pedir nada em troca, poderia garantir que o massacre não iria continuar?

Iván Madero, da Associação Solidariedade e Direitos Humanos (da Colômbia), depois de uma saudação a Cuba, narra a história do paramilitarismo na Colômbia e do governo de Álvaro Uribe

O título do documentário “El Baile Rojo”, "a Memória dos Silenciados", provém do nome da operação militar contra a Frente Patriótica, um partido proposto em 1984 pelas FARC para pôr termo à guerra civil. O genocídio foi manejado por politicos, militares e milicias civis, num plano cínicamente chamado “o baile vermelho”. Foi a sangue e fogo que foi apagada uma situação de legalidade do mapa politico e a possibilidade de reconciliação. Ver aqui a cronologia dos acontecimentos e a sinopse do documentário do realizador Yezid Campos, que contou com depoimentos de 25 sobreviventes dos cerca de 3000 militantes agrupados no chamado “Movimento Reiniciar”, uma organização não governamental que liderou uma petição dirigida à Comissão dos Direitos Humanos Inter- Americana

El Baile Rojo - 58min. 56seg.


(1) o advogado de Remedios García no seu recurso de apelação desmonta as acusações de colaboração com as FARC:
“todos y cada uno de los elementos probatorios enunciados en el auto carecen de validez jurídica y devienen inhábiles por tratarse de una obtención de prueba ilegal, viciada en su origen al proceder de unos supuestos ordenadores de Raúl Reyes respecto a los cuales no se conoce nada de su cadena de custodia hasta 10 días después de permanecer en poder de las autoridades colombianas”

(2) os videos sobre o genocidio da UP podem ser vistos aqui



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