Políticas do sexo
A gravidez da ministra e outras notícias
irrelevantes – embora irresistíveis
Vilma Gryzinski
Bertrand Guay/AFP |
Ainda é um pouco difícil ver o motivo que fez a foto da ministra da Justiça da França, Rachida Dati, ser tão comentada na semana passada: a gravidez de quase cinco meses apenas começa a aparecer. Como Paris inteira já sabia, a ministra assumiu. O que levou à inevitável pergunta: quem é o pai? Pois é, quando nada pareceria superar a velocidade e a espetacularidade da vida amorosa do presidente Nicolas Sarkozy, do divórcio rumoroso ao casamento momentoso com a ex-modelo Carla Bruni em menos de quatro meses, a gravidez de pai não revelado de Rachida acionou em escala global os genes da curiosidade, também conhecidos como fofoca. Primeiro, o pai não é Sarkozy, como especularam os eternamente inconformados com a relação de pele entre o presidente e a ministra, de família de muçulmanos do norte da África. Segundo, não é o ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar, que subitamente entrou na história e se sentiu na obrigação de desmentir. "Minha vida pessoal é complicada", desconversou Rachida. Numa semana em que a candidata americana a vice-presidente, Sarah Palin, teve de revelar que a filha de 17 anos está grávida para negar que a menina seria a verdadeira mãe de seu filhinho caçula (sim, é confuso mesmo), o noticiário sobre as duas políticas de direita pareceu especialmente maldoso. Mas faz parte do negócio e, junto com o abuso discriminatório, vem o escrutínio legítimo. Além disso, quem iria discutir o penteado de John McCain?