A aproximação do asteroide 2009 DD45 só foi detectada
pelos astrônomos dois dias antes de sua passagem perto
da Terra, na última segunda-feira. Se ele tivesse atingido
a superfície do planeta, o impacto produzido seria
equivalente ao de 1 000 bombas nucleares
Thomaz Favaro
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A ficção científica é pródiga em retratar impactos de asteroides de proporções catastróficas para o planeta. Vez por outra, a natureza nos obriga a lembrar como essa ameaça é real. Isso aconteceu na segunda-feira passada, quando um asteroide com diâmetro estimado entre 21 e 47 metros passou de raspão pela Terra. O objeto riscou o espaço a 72 000 quilômetros da superfície terrestre, apenas o dobro da distância dos satélites de TV em órbita. A aproximação do asteroide, identificado como 2009 DD45, foi percebida com apenas dois dias de antecedência. "Como a única informação que recebemos desses corpos celestes é o seu brilho, fica difícil localizar objetos pequenos a distância", explica o astrônomo Enos Picazzio, da Universidade de São Paulo. "Em casos tão repentinos, simplesmente não há muito que se possa fazer." A única opção de defesa disponível contra objetos espaciais em rota de colisão é o envio de mísseis com explosivos – mas esse tipo de operação exige mais tempo para os preparativos.
Os asteroides, bem como os cometas, são restos da formação dos planetas. A maioria se mantém em áreas bem delimitadas, como o cinturão localizado entre Marte e Júpiter, mas alguns escapam. Foi um desses asteroides que, há 65 milhões de anos, provocou a extinção dos dinossauros da Terra. Existe um milhar de asteroides com mais de 1 quilômetro de diâmetro, tamanho suficiente para causar extinções no planeta. Um choque dessa magnitude ocorre, em média, a cada 300 000 anos. Não sabemos quando será o próximo, mas estamos mais bem preparados para detectá-lo a tempo de reagir: o primeiro telescópio projetado para a procura de asteroides potencialmente perigosos foi inaugurado em dezembro no Havaí, nos Estados Unidos.