Política
Crônica de sábado
Ressuscitando lembranças
Walnize Carvalho
O reencontro fraterno se deu em lugar inusitado: no cemitério do distrito de Santo Amaro.
Dia de finados.
Visitava aquele campo santo, onde fui depositar flores para entes queridos e saudosos, quando cruzei com ele: um primo que não via há uma temporada.
Paramos. Cumprimentamo-nos. Conversamos. Ressuscitamos lembranças. Desenterramos histórias de infância (a quantidade de primos, que daria até para escalar um time de futebol -de veteranos, claro!- com direito a banco de reserva e tudo)...
Falamos da vida presente: dos filhos, das netas, do “tempo que passou”, cabelos brancos, projetos, realizações. E, no final, dissemos em uníssono: - Apesar de tudo, estamos aqui “vivinhos da silva”! Por um instante, trocamos a lágrima de tristeza pela de alegria.
Rimos e nos despedimos.
Ele caminhou rumo a saída e eu ali fiquei.
Procurei a sombra de uma árvore. Enquanto aguardava mãe e irmãs, que ainda oravam aos pés dos túmulos, refleti sobre o ritual de muitos, que ali estavam naquele dia santificado: rezas, cânticos,velas, flores...
Como também me dei a pensar que “lá fora” muitos estavam vivendo e aproveitando do feriado.
Por conta disso, lembrei-me ter escrito assim: Ofereço uma fatia de picanha a quem adivinhar de que forma – quase unânime – foi curtido este dia de descanso: “prainha cheia, cervejinha gelada, carninha no ponto e música (?!) em som alto de possantes carros”. E o descanso? Ficou para segunda-feira, de preferência após as aulas (para quem é estudante) ou depois do trabalho (para quem arrastou o dia entre bocejos e olhadas de relógio).
Sem rabugice e carregando nas tintas do humor, via de regra, feriados são feitos para diversão. E há diversão para todos os gostos. Uns se cansam mais do que descansam nas idas e vindas à beira-mar, no levantamento de copos e no girar o corpo sobre a toalha estendida na areia da praia a fim de caprichar no “bronze”, afinal o verão já está batendo à porta...
Outros optam por caminhadas matinais respirando o ar puro e no fim da tarde buscam uma rede na varanda e saboreiam a leitura de um bom livro.
E há os que se dedicam a organizar coisas pessoais e até colocar o sono em dia.
A maioria – posso afirmar – não se dá conta do significado destas datas; do que é comemorado ou reverenciado em tais ocasiões.
Sem moralismo e carregando nas tintas da ponderação, o bom seria que neste “pit stop” que fazemos em nossas máquinas durante este recesso dedicássemos alguns momentos para reflexão.
E foi meditando, principalmente sobre o Dia de Finados de outros tempos que espantei-me com o diálogo entreouvido na porta do cemitério.
Dizia um amigo para outro: - Fez o quê de bom no feriado? E o outro respondeu: - Rolou churrasco o dia inteiro! E completou: - Aparece hoje lá em casa para o enterro dos ossos!...
É! Tempos findos!...
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