Finalmente um alívio em, pelo menos, um dia. Começou a nascer uma esperança de que agora as autoridades econômicas do mundo comecem a ter vitórias contra a crise. A diferença desta vez é que este ensaio é uma ação conjunta.
Só uma ação global pode vencer uma crise global. O corte conjunto de juros, reuniões entre autoridades e a ação coordenada dos Bancos Centrais é o único caminho.
No planeta, começa a ser entendido que essa não é apenas uma crise imobiliária americana. É uma crise que se espalhou e contaminou os países. A situação, às vezes, piorou por razões locais.
Mesmo assim, está também claro que a crise será longa e que o primeiro capítulo dos distúrbios financeiros não está ainda encerrada. Muita volatilidade pode ainda acontecer, principalmente se houver o que o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, disse ontem: novos bancos quebrados, mas a fase mais duradoura da crise será a desaceleração econômica. Ela vai durar, pelo menos, um ano e vai virar recessão em alguns grandes países, como os europeus e os Estados Unidos.
O Banco Central brasileiro está no caminho certo, mas há mais que ele possa fazer. O BC mudou para uma atitude bem mais ativa. Ontem atuou em duas pontas no mercado de câmbio. Não bastava, como eu disse, vender dólar no mercado futuro, essa espécie de empréstimo da moeda. Teria que vender reservas mesmo, dólar físico, e foi o que ele fez ontem. O Banco Central vendeu US$ 1,5 bilhão.
Além disso, aconteceram outros fatos que não são visíveis. Algumas empresas que estão perdendo muito dinheiro por terem comprado opções – é uma espécie de aposta de que o dólar não subiria – começaram a encerrar esse negócio. Algumas pagaram para sair com prejuízo. Outras começaram a negociar com os bancos.
Essas opções é que estão fazendo com que as empresas corram para procurar dólar no mercado. Assim, elas estão fazendo a moeda subir ainda mais. É um problema específico do Brasil, mas que tem feito o dólar disparar.
Ainda tem muita empresa exposta a esta opção, mas começa a aparecer luz no fim do túnel. O presidente de um banco me disse o seguinte:
- Estou cuidando dos meus clientes, até porque não tenho alternativa. A perda estava tão grande que eu não iria receber.
A economia real já está sentindo o efeito dessa crise. De três cadeias de varejo que eu procurei para saber do movimento, só uma esta mantendo o ritmo das vendas. As outras duas estão com queda.
O Banco Central terá que mudar a política de juros. Este é outro passo. Ele estava no meio de um movimento de elevação da taxa num ritmo de 0,75 ponto percentual em cada reunião, mas o mundo inteiro está derrubando juros e aqui o ritmo da economia está começando a diminuir.
Está na hora de parar de subir os juros. Eles já são os maiores do mundo e a situação aqui e lá fora mudou completamente.