Inteligências Múltiplas de Gardner
Política

Inteligências Múltiplas de Gardner




Para Gardner em seu livro, Inteligências Múltiplas, todas as inteligências poderão e deverão ser desenvolvidas nas crianças, sendo que a herança biológica não é o ponto determinante de um sujeito. 


Seu objetivo passa a ser a necessidade de ter uma visão do pensamento humano mais amplo e mais abrangente daquela aceita pelos estudos cognitivos de outras épocas. 

Para isso, pesquisou e fez estudos experimentais com crianças e com pacientes com dano cerebral. Então, o autor propõe a teoria das Inteligências Múltiplas e, a partir desse momento, a inteligência passa a ser encarada como um espectro de competências, algo multifacetado, assim como uma pedra bruta, tal qual ela poderá sofrer polimentos intensificando cada vez mais o seu brilho. 

Nesse ponto, concordamos com o autor, quando ele valoriza a educação que leva em conta o sujeito possuidor das múltiplas inteligências a serem desenvolvidas, de tal forma que o torne um ser integral. 

De fato, as implicações da teoria das IM na educação , segundo o pesquisador, podem variar desde uma consideração de como desenvolver as inteligências, até uma tentativa de planejar novos tipos de instrumentos de avaliação, colaboração com escolas, sistemas escolares e instituições culturais que queiram adotar a teoria das IM. 

Além disso, que tenham interesse no notável desenvolvimento e interação entre as diferentes faculdades cognitivas humanas, introduzindo a noção de “contextualização de inteligências”, “educação centrada no aluno”, “inteligências distribuídas”, no sentido de mostrar as maneiras pelas quais nossas capacidades intelectuais são intrinsecamente determinadas pelos contextos em que vivemos e pelos recursos e materiais à nossa disposição.


Para Gardner, cada sujeito desenvolve uma habilidade em uma ou mais áreas específicas, mas sendo carente em outras áreas e que há uma independência entre as inteligências. Assim, se uma criança tem uma certa habilidade na inteligência lógico-matemática deverá ser estimulada e desenvolvida nas demais inteligências. Mas o autor ressalta que existe um canal interligando as inteligências múltiplas e que fazem elas trabalharem juntas. Diante desse prima, em que o estudioso coloca, a escola, enquanto centro de pesquisas e educação, deverá construir um ambiente de aprendizagem que capacitem os seus alunos para que continuem aprendendo continuamente durante suas vidas, preparando-os para o novo milênio. Para isso, ele propõe uma nova visão da mente que produz uma escola diferente:

... é uma visão pluralista da mente, reconhecendo muitas facetas diferentes e separadas da cognição, reconhecendo que as pessoas têm forças diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes. (...) uma escola diferente centrada no indivíduo, considerando seriamente esta visão multifacetada da inteligência que se baseia na ciência cognitiva (estudo da mente) e a neurociência (o estudo do cérebro). Portanto, uma abordagem da teoria das Inteligências Múltiplas (GARDNER, 1995, p. 13).


Nogueira, analisando as teorias de Gardner, enfatiza os exercícios que propiciam realizar as conexões entre os milhares de neurônios realizados por via de estímulos, ação, experimentação e possibilidade de manter o sujeito ativo em seu meio. Tais conexões se farão nas devidas épocas, de acordo com as possibilidades propiciadas pela escola, família e meio social, de tal sorte que se desenvolvam ou ainda potencializem as diferentes competências.

...cada indivíduo é uma forma de expressão de um conjunto de inteligências que cooperam harmoniosamente entre si no desenvolvimento de tarefas simples e complexas. Cada inteligência tem diferentes gradientes de importância no desenvolvimento do todo, mas não pode ser vista isoladamente. Reconhece também a forma como diferentes eus se expressam como resultado de uma ecologia individual que traduz a história e os valores culturais em que o indivíduo esteve imerso. Cada pessoa se expressas e se relaciona com o mundo de uma determinada forma, de uma maneira única, em razão do perfil de inteligências que possui, da maneira como essas inteligências interagem (GARDNER, apud MORAES, 1997, p. 104).


Gardner percebeu ao pesquisar o cérebro de pacientes com lesões cerebrais o que se chama de inteligência não se refere apenas à capacidade de entender alguma coisa, mas à criatividade e à compreensão. Para este pesquisador, a escola tradicional apenas tem em mente e trabalha as inteligências lingüísticas e a lógico-matemática.


Nesse prisma, a escola teria que rever todo o seu processo de conceber o processo de aprendizagem e avaliar o aluno. Teria também, que desenvolver uma educação centrada no aluno, voltada para um entendimento e desenvolvimento ótimos do perfil cognitivo de cada aluno, sendo que seu enfoque deveria ser pessoal, acabando com a mania errada de comparar crianças no desenvolvimento. O autor ressalta ainda, que nem mesmo as escolas ditas piagetianas ou construtivistas escapam desta centralização, pois no seu entender o que Piaget pensava ser a inteligência era apenas a inteligência lógico-matemática. Portanto, esta nova teoria está a exigir o repensar da escola que respeite o desenvolvimento das inteligências múltiplas em detrimento do sentido isolado que era a visão tradicional, sendo que a principal mudança seria no sistema de avaliação, pois para o autor americano, a função do professor seria a de um “fisioterapeuta” da inteligência, abandonando o conceito restrito de inteligência que não é apenas a capacidade de entender alguma coisa, mas criatividade e compreensão.

MORAES, citando GARDNER (1997, p. 158), explica que

...se existe diferentes tipos de mentes, existem diferentes formas de aprender, lembrar, compreender e desempenhar algo, existindo, no mínimo, oito maneiras de conhecer o mundo e de se relacionar com ele, o que o leva a compreender que cada indivíduo aprende, representa e utiliza o conhecimento de forma diferente, pois é a forma como elas são combinadas e chamadas para a execução de uma tarefa que caracteriza a maneira como o indivíduo aprende, representa e utiliza o conhecimento.


Para isso, o autor propõe sete inteligências que posteriormente se expandiram para oito, que são:
• inteligência lógico-matemática – competência em desenvolver e/ou acompanhar cadeias de raciocínios, ou seja, capacidade de raciocínio lógico e compreensão de modelos matemáticos e lidar com conceitos científicos, resolver problemas lógicos e lidar com cálculos e números; normalmente verificada em advogados, economistas e matemáticos;
• inteligência lingüística – capacidade de lidar bem com a linguagem, tanto na expressão verbal quanto na escrita, ou seja, o domínio que a criança adquire da expressão com a linguagem verbal, dando arquitetura as palavras. Incluem os mecanismos dos sons da fala, sintaxe (gramática) e semântica. Competência verificada nos escritores, poetas, oradores, políticos, professores, etc.


Nesse aspecto, GARDNER (1995, p. 25-26) ressalta que “a linguagem é universal, e seu desenvolvimento nas crianças é surpreendentemente constante em todas as culturas”. Isso nos remete as indagações do fracasso escolar de alfabetizar, de fazer com que as crianças aprendam a ler e escrever, coisas que segundo o pesquisador americano, até as crianças surdas, em que uma linguagem manual de sinais não é explicitamente ensinada, inventam sua própria linguagem manual e a utilizam secretamente.
• inteligência espacial – competência relacionada à capacidade de extrapolar situações para o concreto e vice-versa, possuindo desta forma grande percepção e relacionamento com o espaço. Normalmente a encontramos nos arquitetos, navegadores, cirurgiões, etc., ou seja, profissionais que têm sentido de movimento, localização, direção de percepção de objetos.
• inteligência corporal-cinestésica – está relacionada à perfeita forma de expressão corporal, assim como à resolução de determinado problema por meio de movimentos do corpo, ou seja, as pessoas têm domínio do corpo como os atletas, mímicos, dançarinos, etc.
• inteligência musical – mesmo não considerada por alguns como uma capacidade intelectual, está incluída nas inteligências múltiplas, tendo como justificativa a capacidade intelectual de algumas pessoas de interpretar, escrever, ler e expressar-se pela música, ou seja, essas pessoas têm a capacidade de compreender sons. É uma formação biológica própria localizada no hemisfério direito do cérebro, mas não tão específico quanto o da linguagem. Exemplo típicos são: Carlos Gomes, Luiz Gonzaga, etc.
• inteligência interpessoal – é a capacidade que as pessoas têm de se relacionar com o outro, entender reações e criar empatia. Capacidade esta encontrada principalmente nos professores, políticos, líderes (políticos, religiosos, empresários), etc.
• inteligência intrapessoal – capacidade de se conhecer, de se auto-avaliar reconhecendo seus pontos positivos e negativos, ficando desta forma mais fácil de trabalhá-los. As pessoas que desenvolvem esta inteligência têm a capacidade de autocompreensão, automotivação e conhecimento de si mesmo; habilidade para administrar os sentimentos a seu favor, de orientar o próprio comportamento, tendo o domínio interno das emoções.
• inteligência naturalista – capacidade de realizar qualquer tipo de discriminação no campo da natureza, reconhecendo, respeitando e estudando outro tipo de vida que não só a humana. Característica esta nota nos biólogos e principalmente nos ecologistas, pois eles têm grandes sensibilidades para aprender os processos da natureza;


Esta inteligência é ressaltada por Moraes, quando a autora tenta avaliar as contribuições de Gardner neste aspecto de sua teoria.
Uma pessoa com uma inteligência intrapessoal bem desenvolvida tem um modelo viável e afetivo de si mesma e será capaz de atuar no mundo de forma diferente. Significa portanto, autoconhecimento e habilidade para agir no conhecimento de si mesmo, de suas capacidades e de suas limitações. Traduz, também, a capacidade de autodisciplina, autocompreensão e auto-estima. (GARDNER, apud MORAES, 1997, p. 169).


Partindo dessa abordagem das Múltiplas Inteligências, podemos imaginar o quanto o uso do computador pode ser útil para o desenvolvimento das habilidades dos seres humanos desde a utilização de aplicativos como editores de textos (sofwares abertos). Desta forma, possibilitará desenvolver diversas atividades na área lingüística, na aquisição da escrita e leitura, exigindo recursos lingüísticos como produção de textos, interpretação de pequenas estórias feitas pelas crianças (alunos), diferenciar diversas formas de letras e usar a interatividade entre sujeito-máquina. Assim, o computador será um recurso perfeito para trabalhar sons e imagens e uma característica fundamental que é possibilitar diversos tipos de comunicações e interações com outras culturas diferentes, através da internet como forma de desenvolver as inteligências intra e interpessoal.


Para GARDNER (1995, p. 31), “... o ambiente em que as crianças vivem e se desenvolvem, as primeiras experiências de vida são tão importantes que podem determinar por completo a maneira com as pessoas se desenvolvem”. Alem disso, para o autor, as crianças desenvolvem poderosas teorias e conceitos sobre como o mundo funciona – o mundo físico, o mundo das pessoas desenvolvendo pelo menos um nível de competência em relação aos sistemas simbólicos humanos básicos que são a linguagem, número, música, etc. Nesse sentido, o autor evidencia:

O que nos surpreende nessas aquisições é que elas não dependem de instrução explícita. As crianças desenvolvem essas habilidades simbólicas e estes conceitos teóricos principalmente por meio de suas interações espontâneas com o mundo no qual vivem (GARDNER, 1995, p. 54).


Daí, a nossa preocupação com a educação infantil tão abandonada pela política educacional de nossos governantes que através da municipalização e delegando esta responsabilidade para os municípios, não têm, da mesma forma, disponibilizado recursos financeiros significantes para melhorar o ensino que possa promover o desenvolvimento das Inteligências Múltiplas formuladas por Gardner. Segundo este pesquisador, vale ainda destacar, todas as pessoas possuem as condições básicas para desenvolverem o espectro de inteligências, dependendo do meio rico em estímulos recebidos, onde a ação de vivenciar, o experimentar são muitos relevantes no seu desenvolvimento.

...De muitas maneiras, todas as crianças estão dispostas a transcender as fronteiras das quais estão pelo menos perifericamente conscientes; elas se jogam em seu brinquedo e trabalho com grande paixão; elas criam produtos que frequentemente impressionam mais o “campo” do que aqueles de crianças bem mais velhas (GARDNER, 1995, p. 54).


O autor afirma, outrossim, que a idade pré-escolar é essencial para trabalhar as Inteligências Múltiplas, pois as crianças ainda não carregam o estigma do medo de errar, hábitos e vícios do sistema escolar vigente, facilitando o trabalho de quem pretende mediar o auxílio para o desenvolvimento das Inteligências Múltiplas nas crianças. Pois são, com certeza, os primeiros anos de vida das crianças que elas possuem maiores possibilidades de desenvolverem suas capacidades intelectuais, já que para Piaget, segundo Pulasky, a criança nasce com sentido de pesquisar, de experimentar, de descobrir e de desenvolver suas inteligências, cabendo aos professores e pais mediar esta busca incessante que as crianças têm de aprender novos conceitos.


Com base nessas questões, concordamos com Gardner, quando enfatiza que os educadores devem manter em mente os fatores extrapessoais que desempenham um grande papel no desenvolvimento (ou impedimento) do talento (inteligência) das crianças. O autor, também, aponta o papel dos pais, educadores e escolas, enquanto centro de pesquisas, é fornecer estratégias de atuação na mediação tanto no desenvolvimento biológico como na construção do conhecimento. Para isso, é preciso ter mente que a criança é um sujeito histórico cheio de conflitos internos, sociais e familiares que necessitam de compreensão nas suas potencialidades e que segundo Gardner é possuidor de estruturas mentais para o desenvolvimento das Inteligências Múltiplas.


Para o autor, a escola atual não leva em conta as individualidades de cada criança no processo de aprendizagem, pois a prática pedagógica é desenvolvida de modo unilateral atingindo a todos da mesma forma, já que consideram que todas as crianças aprendem da mesma forma. Diante dessas questões que levanta, ele idealiza uma escola que

...busque estimular o profundo entendimento dos alunos em várias básicas. Que encoraja os alunos a utilizarem este conhecimento para resolverem os problemas e completarem as tarefas com as quais se deparam na comunidade mais ampla. Ao mesmo tempo, a escola busca encorajar a mistura singular de inteligência de cada um de seus alunos, avaliando regulamente seu desenvolvimento de uma maneira mais justa para com a inteligência (GARDNER, 1995, p. 68).


Por isso, o autor ressalta a importância da presença do professor atento a estas particularidades de cada criança, observando suas áreas de interesses no sentido de garantir a cada uma a educação necessária para estimular seus potenciais intelectuais. Para isso, Gardner defende um ensino centrado no aluno segundo palavras de NOGUEIRA (1998, p. 12).

A concepção de ensino centrado no aluno vem contrariar o conceito de pensamento uniformista, o ensino massificado e mecanicista, pois leva em consideração as particularidades de cada sujeito, como a consideração de que diferentes competências são trabalhadas, desenvolvidas e expostas de diferentes formas pelos diferentes alunos, assim como o canal de acesso para cada sujeito deve ser observado e analisado particularmente.


Isto é uma tarefa que requer o compromisso do professor de fazer processar uma educação que venha a atender às reais necessidades das crianças, que acreditam em seu papel de educador na instauração de um novo mundo através de um ensino que dê oportunidades às crianças de se desenvolverem em suas inteligências múltiplas, visto que a obsolescência do ensino é uma coisa real, onde as crianças não encontram mais prazer em estudar e aprender. Diante desses fatos, o autor faz severas críticas às instituições de formação profissional do professor, que, embora se esforcem honestamente para formar bons profissionais, não têm estado na vanguarda dos esforços pela melhora educacional. Para o autor supracitado, as instituições que dirigem a educação devem atrair profissionais mais competentes, mais fortes, melhorando suas condições de trabalho para que eles permaneçam ensinando e que os professores-mestres ajudem a formar uma nova geração de alunos e professores e que essencialmente esses professores tenham amor a profissão e que gostem de ensinar.

Para GARDNER (1995, p. 14). “... Inteligência é a capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários”. Essa visão se contrapõe à visão tradicional de se conceber inteligência definida como a capacidade de responder a testes de inteligência. Portanto, nessa visão, o professor deverá proporcionar ao educando diferentes situações problemas e que pode ser feito através de projetos utilizando o computador, sendo esta máquina interativa a mediadora de todo o processo de elaboração dos referidos projetos.



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