O candidato republicano à Casa Branca, senador John McCain, surpreendeu o eleitorado ao anunciar a mulher que veio do frio.
Trata-se da governadora do Alasca, Sarah Palin, que será sua vice de chapa nas eleições presidenciais americanas deste ano, a ser sacramentada na Convenção do Partido Republicano que começa amanhã.
Mas, em economia, McCain não mostra sua capacidade de surpreender. Apresenta a mesma falta de traquejo com temas econômicos que se vê no seu concorrente democrata, Barack Obama. Mas talvez seja mais sincero. McCain já confessou que não entende do assunto.
Ele se opôs ao corte de impostos proposto pelo presidente Bush e aprovado pelo Senado em 2001, no total de US$ 1,35 trilhão em dez anos. No entanto, além de torná-los permanentes, McCain quer agora aumentá-los.
Defende a elevação do teto para abatimento do Imposto de Renda para dependentes de US$ 3,5 mil para US$ 7 mil; baixar o imposto sobre os lucros das empresas de 35% para 25%; e introduzir novas deduções de impostos na compra de equipamentos e absorção de tecnologia. Outra bandeira é a simplificação do Imposto de Renda a apenas duas alíquotas.
A contrapartida da redução de recursos viria do enxugamento da máquina de governo e da administração do já combalido sistema de saúde. Ao contrário de Obama, que pretende aumentar a arrecadação em US$ 800 bilhões nos próximos dez anos, McCain planeja um corte de US$ 600 bilhões nesse mesmo período: "Não há caminho mais rápido para forçar a evasão de empregos do que o aumento dos impostos nos nossos negócios", disse.
Para os opositores, apenas essas decisões têm tudo para aumentar o déficit orçamentário americano de US$ 200 bilhões a US$ 300 bilhões por ano.
Durante o governo Bush, a dívida pública dos Estados Unidos praticamente dobrou para US$ 10 trilhões. Seu sucessor poderá assumir o governo com um déficit orçamentário recorde de US$ 500 bilhões ao ano.
Na questão energética, McCain defende a suspensão dos impostos da gasolina e do diesel durante o verão no Hemisfério Norte, período de maior consumo.
Pretende, também, explorar o petróleo da região costeira dos Estados Unidos, plano congelado desde 1981 no Congresso, onde enfrenta a oposição da presidente da Câmara, Nancy Pelosi. Os Estados Unidos importam hoje 60% de todo o petróleo que consomem, o dobro do que acontecia em 1985. Para os opositores, McCain é um defensor dos interesses do setor petroleiro. Suas propostas, dizem, aumentarão a dependência externa.
Defensor do livre-comércio, quer ampliar os acordos bilaterais dos Estados Unidos. Ao contrário de Obama, é contra os subsídios agrícolas. Nas áreas financeira e habitacional, defende mais controles do Estado. Para ele, o Departamento de Justiça deveria investigar implacavelmente as empresas de crédito imobiliário.
Uma coisa é o discurso eleitoral; outra, a política a ser adotada se eleito. Apesar das diferenças entre os planos apresentados pelos dois principais candidatos à presidência, as frágeis condições da economia americana forçarão quem for eleito a buscar soluções mais pragmáticas.
Contraponto
"A promessa americana" - O candidato democrata Barack Obama adotou tom mais objetivo no discurso de 42 minutos feito quinta-feira, no fechamento da Convenção Democrata.
Dependência zero - Para ancorar a promessa de eliminar a dependência externa de petróleo em dez anos, propôs, além do aumento da produção de biocombustíveis, investimento de US$ 150 bilhões em energia eólica e solar.
Cortar "95% dos impostos de todas as famílias trabalhadoras" é a sua proposta. Mas a carga tributária deve aumentar para os que ganham mais de US$ 250 mil anuais.
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