Encerrou-se ontem o bookbuilding da oferta da Petrobrás. A capitalização da Petrobrás vai ser concluída hoje com a presença na Bovespa do presidente Lula e de outros ministros no lançamento das novas ações da empresa. A oferta, que será a maior já realizada no Brasil e no mundo, deverá atender tanto aos interesses da estatal, com a entrada de dinheiro novo e a possibilidade de contrair novos empréstimos, quanto do governo, que terá aumentado a participação acionária na empresa. A oferta pública total de papéis deve variar entre R$ 111 bilhões e R$ 132 bilhões. Desse total, R$ 74,8 bilhões serão usados pela Petrobrás para comprar da União os 5 bilhões de barris de petróleo oriundos da cessão onerosa. Segundo notícias que circulam no mercado, o governo já teria conseguido aportar algo em torno de R$ 70 bilhões do montante de R$ 74,8 bilhões. Caso isso tenha ocorrido, subiria a participação atual de 39,2% para perto de 45%. Essa participação pode ser maior dependendo do preço final da ação e da decisão da empresa e dos bancos coordenadores de colocar o lote adicional integralmente. Ou seja, caso o lote adicional chegue a 20% da distribuição original. A expectativa é que o preço final das ações preferenciais fique em torno de R$ 25. A capitalização é essencial para a Petrobrás fazer face aos investimentos de US$ 224 bilhões previstos para os próximos cinco anos no plano de negócios da empresa divulgado em 21 de junho, sem incluir os investimentos nas áreas do pré-sal tratadas no Projeto de Lei que permite a capitalização por meio da cessão onerosa. Com uma dívida total de R$ 100 bilhões, a estatal está próxima do seu limite máximo de endividamento. No fim do ano passado, a taxa de alavancagem da empresa, dada pela relação entre a dívida líquida (R$ 71 bilhões) e o patrimônio líquido era de 31%, a maior desde 2004. Para manter a classificação de investment grade das agências classificadoras, a empresa deve manter a sua alavancagem abaixo do teto de 35%, índice imposto pela sua política financeira. Sem a capitalização, portanto, a captação de empréstimos comprometeria esta política e encareceria o próprio custo dos empréstimos. A capitalização da Petrobrás é mais uma jabuticaba. Será a maior do mundo, porém sem nenhum risco de não ter sucesso, já que no limite o governo compraria todas as novas ações e é uma capitalização com cara de estatização, dado que entre 80% a 90% da oferta total será adquirida com dinheiro público. |