Não é a primeira vez no governo Lula que há sinais explícitos de patrulha contra alguém do primeiro escalão que divulga alguma informação ou dá declarações consideradas politicamente incorretas pelos aparelhos que ocupam espaço na máquina pública. Foi assim no primeiro mandato do presidente, quando o hoje ministro da Justiça, Tarso Genro, assumiu o Ministério da Educação com posição contrária às cotas raciais. Deixou claro o que pensava numa entrevista, e foi forçado a recuar no dia seguinte. Agora, é o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que muito provavelmente se curvou ao ágil e poderoso lobby dos sem-terra que atua a partir do Incra e de dentro do Ministério do Desenvolvimento Agrário desde o início da Era Lula. Não se trata de segmentos da máquina burocrática do Estado brasileiro, mas capitanias hereditárias doadas ao MST e satélites. É a única explicação plausível para o recuo de Minc na divulgação de que seis assentamentos do Incra, em Mato Grosso, lideram a relação dos cem maiores desmatadores da Amazônia, segundo levantamento do Ibama. Como, pela cartilha ideológica desses movimentos infiltrados no Estado, o pequeno agricultor é, por definição, um ser de boa índole, e ele, junto com os bons selvagens indígenas, compõe heróicas brigadas preservacionistas, os dados do Ibama foram logo contestados. E Carlos Minc voltou atrás. Pode ter garantido sua sobrevivência política dentro do governo e do PT, mas malbaratou a Amazônia, de cuja devastação os assentamentos do Incra são de fato um dos grandes responsáveis. Como diversas reportagens, inclusive do GLOBO, já mostraram. |