Monica Weinberg
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Fotos Marcelo Tinoco, Lailson Santos, Divulgação, Tim Pannell/Corbis e Caca Bratke |
FAMÍLIA ECOLÓGICA O paulistano Cláudio Spínola, 32 anos, e sua mulher usam uma sacola ecobag para ir às compras e reciclam o lixo desde 2004 |
No Brasil, não faltam boas intenções em relação à natureza. Segundo uma pesquisa da ONG World Wildlife Fund (WWF), uma em cada três pessoas tomou alguma atitude para tornar sua rotina mais ecologicamente correta neste ano.
Mas mudar os hábitos nem sempre significa uma troca mais vantajosa. Algumas atitudes, embora pareçam corretas, podem causar mais estrago ao ambiente do que os velhos costumes. Desde a água gasta para reciclar uma garrafa até a energia desperdiçada por um aparelho no modo stand by, cada mudança de comportamento provoca um novo impacto na natureza. Especialistas consultados por VEJA listaram algumas das trocas mais comuns e fizeram os cálculos para saber se elas realmente valem a pena. Eis os comentários.
Atitude: aposentar as sacolas de plástico e usar as de papel
Comentário dos especialistas: embora pareça uma troca aconselhável porque o papel demora menos tempo para se decompor na natureza, as sacolas de papel são mais poluentes. Seu ciclo de produção emite 80% mais gases de efeito estufa, consome três vezes mais água e produz duas vezes mais dejetos sólidos do que a sacola de plástico
Vale a pena? NÃO. O jeito mais ecologicamente correto de ir às compras é usar as ECOBAGS – sacolas feitas de plástico mais resistente que podem ser reutilizadas em todas as idas ao supermercado. Elas duram cerca de cinco anos e, a partir de sete utilizações, já anulam o impacto que as outras sacolas deixariam na natureza
Atitude: substituir o barbeador elétrico pelo descartável
Comentário dos especialistas: apesar de não consumir energia elétrica, o barbeador descartável demanda algo como dez litros de água em cada uso. Além disso, seu material não é biodegradável: uma vez descartado, vira lixo. O barbeador elétrico, por sua vez, exige menos troca de lâminas (duas em dez anos) e gasta pouca energia. Em uma década, ele consome o equivalente a um refrigerador ligado durante um mês
Vale a pena? NÃO. Apesar de fazer uso da eletricidade, o barbeador elétrico provoca menor impacto ambiental do que o descartável
Atitude: deixar os aparelhos eletrônicos em stand by quando não estão sendo usados
Comentário dos especialistas: a economia é pouca. Um aparelho no modo de espera chega a gastar 70% da eletricidade consumida durante o seu tempo em uso. Calcula-se que a energia desperdiçada com aparelhos deixados em stand by nos lares brasileiros seja o equivalente à produzida por dez usinas elétricas durante um dia. Por outro lado, ligar e desligar aparelhos em um espaço curto de tempo aumenta em cerca de 5% o consumo de eletricidade em uma hora
Vale a pena? NÃO. Se o aparelho não for usado novamente em dez minutos, é melhor desligá-lo
Atitude: adotar o hábito de reciclar garrafas de plástico
Comentário dos especialistas: para reciclar uma garrafa PET é preciso lavá-la e destiná-la a um reciclador. Segundo o levantamento feito pelos especialistas, lavar três recipientes de maneira ideal para reciclagem gasta cerca de 1% do consumo de água de uma família em um dia. Mas a contrapartida compensa. Os processos de tratamento da água utilizada na lavagem e reciclagem da garrafa emitem, juntos, apenas 0,5% da quantidade de gás carbônico lançada na atmosfera durante a fabricação de uma nova garrafa
Vale a pena? SIM. O custo ecológico de todo o processo de reaproveitamento acrescenta muito pouco ao gasto normal de energia e água por pessoa – e ainda evita o desperdício com a fabricação de um novo produto
Atitude: fechar a torneira durante o banho
Comentário dos especialistas: o impacto do banho no meio ambiente ocorre por duas razões: o uso de água e o consumo de energia elétrica. Cada minuto extra de banho resulta, ao fim de um ano, em 30 quilos a mais de gás carbônico lançados na atmosfera
Vale a pena? DEPENDE. No caso de chuveiros elétricos, que esquentam a água rapidamente, compensa desligá-los para lavar os cabelos, porque se economiza energia. Com chuveiros a gás, é melhor tomar um banho mais rápido e sem pausas
Especialistas consultados: Guilherme de Castilho Queiroz (do Centro de Tecnologia de Embalagem), Gustavo Ribeiro e Josânia Abreu (da Unicamp), e Luís Márcio Arnaut de Toledo (da USP)