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Quando Você Viu Seu Pai pela Última Vez?:
o drama do filho teimoso

QUANDO VOCÊ VIU SEU PAI PELA ÚLTIMA VEZ? (And When Did You Last See Your Father?, Irlanda/ Inglaterra, 2008. Sony)

• O escritor Blake Morrison (Colin Firth) volta à casa de infância para se despedir do pai, que está à morte, e é obrigado a finalmente investigar mais a fundo o rancor que desde criança alimentou por ele – por causa de um provável adultério e, não menos importante, por ter se sentido sempre eclipsado na concorrência com uma figura paterna tão efusiva e cativante. Baseado no livro autobiográfico de Morrison, o filme do diretor Anand Tucker (de Garota da Vitrine) espana a poeira de um tema já muito batido ao transferir um tanto do ônus desse mau relacionamento dos pecadilhos do pai para a teimosia do filho, emocionalmente estacionado no passado e incapaz de reagir como adulto. Boa parte do mérito pelo vigor da trama cabe ao ator Jim Broadbent: no papel do pai, ele compõe aqui um homem fascinante, capaz tanto de imensas delicadezas quanto de terríveis insensibilidades.

DISCO

Lisa Rose/AP


Iggy Pop: mais sossegado, o roqueiro transgressor agora canta até bossa nova

PRELIMINAIRES, Iggy Pop (EMI)

• Por quatro décadas, o cantor Iggy Pop encarnou como ninguém o estereótipo do roqueiro transgressor. Subia ao palco sob efeito de alucinógenos, gritava e corria como um maníaco, cortava-se, pulava em cima do público. Esse comportamento tresloucado não poderia, claro, durar para sempre. Com Preliminaires, Iggy Pop parece ter chegado à idade da razão. A voz gutural do cantor adaptou-se a gêneros mais suaves, como a chanson francesa (Les Feuilles Mortes, pinçada do repertório de Yves Montand e Edith Piaf), o jazz de New Orleans (King of the Dogs) e até a bossa nova (Insensatez – How Insensitive, numa versão que deixa no chinelo todas as novas divas do jazz que inventam de cantar MPB). O rock ainda comparece na pesadaNice to Be Dead e em She's a Business – com baixo e bateria pronunciados e guitarras influenciadas pelo blues.

 

LIVRO

Orjan F. Ellingvag/Corbis/Latinstock


Philip Roth: as aventuras
de um jovem universitário
nos anos 50

INDIGNAÇÃO, de Philip Roth (tradução de Jorio Dauster; Companhia das Letras; 176 páginas; 36 reais)

ß A velhice e a morte foram os temas obsessivos dos dois livros anteriores de Philip Roth, Homem Comum Fantasma Sai de Cena. De início, Indignação parece romper com esse figurino. O protagonista, o jovem Marcus Messner, é um judeu de Newark, Nova Jersey, cidade natal do próprio Roth (e cenário de outros livros, como Complô contra a América). Filho de um açougueiro kosher, ele deixa a estreiteza do ambiente familiar para estudar em uma universidade no estado de Ohio, onde vai descobrir o sexo com uma colega. Mas não, este não é um romance sobre as descobertas da juventude. A morte, como nas obras anteriores do autor, ocupa o centro da narrativa: ferido na Guerra da Coreia (a ação se passa em 1951), o herói conta sua história agonizante, sob efeito de morfina. Aos 76 anos, Roth confirma seu lugar como um dos maiores – se não o maior – escritores contemporâneos. Leia trecho.

 

Cinemateca VEJA

Poucas vezes o humor recobriu tanta tragédia quanto em Fargo, que a Cinemateca VEJA lança neste sábado em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na obra-prima dos irmãos Joel e Ethan Coen, uma policial interiorana, muito grávida, desbrava o inverno de Minnesota e o inferno da alma humana ao investigar um assassinato – que provocará outras tantas mortes. O roteiro é brilhante; as caracterizações de atores como William H. Macy, Steve Buscemi e Peter Stormare, impecáveis; e a atuação de Frances McDormand, premiada com o Oscar, é estupenda. Serena, inquisitiva e muito mais conhecedora dos homens do que sua aparência trai, a xerife é o centro calmo que os Coen fustigam com um torvelinho de dramas.

Nos demais estados, nesta semana: Quanto Mais Quente Melhor, a maior de todas as comédias, com Jack Lemmon, Tony Curtis e Marilyn Monroe.

 

Como comprar a Cinemateca VEJA

Em bancas, livrarias e redes de supermercados, a 13,90 reais o exemplar avulso. Para assinar, ligue 3347-2180 (Grande São Paulo) ou 0800-775-3180 (outras localidades), de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 horas. Pela internet, acesse www.assineabril.com




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