12.fevereiro.2011
O governo de Dilma Rousseff, por mais que ela já seja bajulada por seu
perfil supostamente "técnico", até aqui parece mais interessado em
fazer movimentos que esvaziem a desconfiança nos números da economia.
A inflação está em alta e as contas públicas em péssimo estado, por
isso o ministro Mantega anunciou cortes que seriam de R$ 50 bilhões
nas despesas. Mas a maior parte é de emendas parlamentares que
compunham o aumento do orçamento em relação ao ano anterior; ou seja,
são gastos do futuro, não do passado ou do presente. Tudo indica que o
anúncio visava a criar um clima de credibilidade. O efeito foi o
contrário.
Ainda assim, é curioso como ninguém se dá ao trabalho de notar que
esse descontrole nos gastos veio das medidas tomadas por Lula durante
a crise de 2008, quando Dilma era sua "primeira ministra", medidas que
o mercado aplaudiu porque injetaram dinheiro em setores que geram mais
emprego e consumo. Acontece que o movimento inverso, de aliviar o
setor produtivo de modo amplo e duradouro com corte de impostos e
burocracias, continua inédito na história do Brasil. Em 2010, ciente
de que o PIB de 7% dava belo cartaz eleitoral, o governo continuou
gastando a rodo. Pseudokeynesianos juram que aumentar gastos públicos
não gera inflação, mas eis o fantasma de volta.
Outro tema quase ausente é o do custo de vida, que os índices de
inflação nem sempre medem direito. Em cidades como São Paulo, está em
níveis absurdos. Tudo, absolutamente tudo, aumentou acima da inflação
do ano passado para este. Ônibus, metrô, IPVA, IPTU, escolas
particulares, carne, livro, táxi, restaurantes, médicos – todos os
itens subiram mais que os 6% do IPCA do período. Já o salário, como
diria Chico Anysio, ó… Vivemos numa sociedade em que o governo nos
leva quase 40% do que ganhamos e nos obriga a gastar mais 40%, no
mínimo, em serviços que, considerando tal carga tributária, deveria
prover – ao menos para a grande maioria da população – muito mais e
melhor, como saúde, justiça, educação e segurança.