Disparada Celso Ming
Política

Disparada Celso Ming


08 Fevereiro 2015 | 

O estouro da inflação e a perspectiva de que continue muito alta ao longo de 2015 é novo indicador da rápida deterioração das condições da economia.

Medida em 12 meses, a evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia resvalado para abaixo dos 6,5% em dezembro para que o governo pudesse entregá-la, ao fim de 2014, sem o estouro do teto da meta. Mas, em janeiro, voltou a dar grande esticada. Foi para 7,14%, a mais alta desde setembro de 2011.

O principal fator que explica essa nova carga é a aplicação da política que pretende eliminar o represamento dos preços e das tarifas administradas, uma das grandes distorções da economia. Esse segmento, que pesa 25% na cesta de consumo, teve aumento médio de preços de 2,5%.

Em outras palavras, a inflação vai enfrentando a fúria dos tarifaços. Começou a ser descarregada sobre o bolso do consumidor alguma coisa perto de 40% de atraso nas correções das tarifas de energia; o reajuste dos preços dos combustíveis e dos transportes urbanos; e o efeito câmbio, ou seja, o encarecimento dos preços dos produtos importados por causa da alta do dólar.

Apenas identificar esses fatores é pouco; é a reação do cachorro que se limita a morder o pau que lhe é atirado, sem entender que há um agressor por trás. O governo anterior (administração Mantega) teve dificuldades para explicar a disparada da inflação. Para tudo, dizia que a economia global não ajudava. Mas, quando tentava encaixar o efeito da economia internacional sobre a inflação brasileira, rodava em falso, porque nos países de economia madura o risco maior é o contrário, é deflação.

A inflação do Brasil está ligada ao estouro das contas públicas. Em 2014, em vez de o governo entregar um superávit primário (sobra de arrecadação), apresentou um rombo de R$ 32,5 bilhões, o equivalente a 0,63% do PIB. Porque gasta demais, o governo cria renda que, por sua vez, puxa a demanda interna, que não vem acompanhada do aumento da oferta. Daí a disparada.

No caso da energia elétrica, o esticão das tarifas não se deu apenas por falta de chuva, que obrigou o Operador Nacional do Sistema Elétrico a despachar energia bem mais cara, produzida pelas usinas térmicas. Deu-se, principalmente, porque o consumo de energia elétrica está crescendo ao ritmo de 3% a 4% ao ano, substancialmente acima da marcha do PIB que resvala para o negativo.

No momento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vai realinhando as tarifas administradas, antes contidas; e vai soltando gradualmente o câmbio. E trata de reequilibrar as contas públicas para evitar a criação artificial de renda.

O Banco Central já avisou que a inflação vai disparar ao longo de 2015. Pretende reconduzi-la ao centro da meta, de 4,5%, só em 2016. Para isso, será preciso mais do que puxar pelos juros.

Novas forças estão prontas para outro puxão da inflação. Se for confirmado o racionamento de energia elétrica e de água tratada, além das pressões de demanda, a inflação enfrentará também o choque de oferta: de queda da produção e do investimento. O governo ainda não tem resposta para isso.




loading...

- Realismo Tarifário | Celso Ming
@media print { .original-url { display: none; } } h1.title { font: -apple-system-headline; font-weight: normal; text-align: start; -webkit-hyphens: manual; } blockquote { color:...

- Recuo Da Inflação - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 07/12 A inflação (evolução do IPCA) de novembro teve um comportamento melhor do que em outubro. Ficou em 0,54%, ligeiramente abaixo da expectativa do mercado. No período de 12 meses, também caiu, desta vez para 5,77%...

- Sem Euforia - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 08/08 A inflação de julho (evolução do IPCA) veio dentro do esperado, de apenas 0,03%. Com isso, a inflação em 12 meses, que em junho estava nos 6,70%, caiu para 6,27% (veja gráfico). A presidente Dilma e o ministro...

- Menos InflaÇÃo Editorial O Globo
27/12/2008 A inflação em 2008, medida pelo IPCA, índice apurado pelo IBGE, deverá fechar em torno de 6%, abaixo do teto da meta do governo. É um bom resultado, considerando-se que os primeiros meses do ano foram marcados por fortes pressões nos...

- Celso Ming A Inflação Da Petrobrás
A inflação está claramente em queda no Brasil e, nisso, mostra que o principal receio do Banco Central não está se cumprindo. Ou seja, a alta do dólar não está sendo repassada para os preços. A implicação imediata dessas premissas é a de que...



Política








.