IPCC considera conquista na COP-15 a criação do grupo integrado pelo Brasil
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IPCC considera conquista na COP-15 a criação do grupo integrado pelo Brasil




O GLOBO

O surgimento do grupo formado por Brasil, África do Sul, Índia e China — o chamado Basic — foi considerado o avanço mais relevante da Conferência do Clima em Copenhague (COP15) pelo presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, o indiano Rajendra Pachauri.

Em sua primeira entrevista desde o fim da COP-15, Pachauri disse que o Basic impediu que os países desenvolvidos enterrassem o Protocolo de Kioto (que tem força de lei e impõe metas compulsórias aos ricos) e foi protagonista da elaboração de uma carta de intenções que servirá como ponto de partida para a discussão climática.

Defesa de acordo com valor legal

O Basic reuniu-se com o presidente dos EUA, Barack Obama, no último dia conferência. Do encontro saiu o esboço do Acordo de Copenhague.

Para Pachauri, o Basic ajudou a equilibrar as disputas entre países ricos e em desenvolvimento.

— O surgimento da aliança foi um acordo político significativo — destacou Pachauri, em visita a Nova Déli.

— Os países desenvolvidos terão de lidar com este grupo para alcançar um acordo legalmente vinculante no México, no ano que vem.

Ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007 — dividido com o exvicepresidente dos EUA, Al Gore —, Pachauri aliou-se ao grupo na defesa pelos princípios do Protocolo de Kioto, que definiu como “sacrossanto”.

O tratado, assinado em 1997 em Kioto e válido até 2012, estabelece metas obrigatórias no corte de emissões dos países desenvolvidos.

Para nações em desenvolvimento, como as do Basic, a redução nas emissões é voluntária. Os EUA não assinaram Kioto e países europeus lutaram para extinguir a base legal do protocolo em Copenhague.

— Um novo acordo climático, seja ele qual for, deve partir dos mesmos princípios de Kioto — afirmou Pachauri. — Caso contrário, vários países podem não aceitá-lo.

O presidente do IPCC alertou que o tempo para negociações é escasso.

Segundo Pachauri, se um acordo com força jurídica não for assinado no ano que vem, “estaremos perdendo tempo, o que dificultará e encarecerá a nossa missão”.

A meta assumida na COP-15 é impedir que a temperatura média da Terra aumente em mais de 2 graus Celsius. Este aquecimento resultaria na extinção de espécies de plantas e animais, em alterações bruscas nos ciclos de cultivo e no desaparecimento de ilhas.

Pachauri aproveitou sua aparição pública para pedir ao governo da Índia para prestar assistência a países mais vulneráveis da África e a pequenas nações insulares do Índico e do Pacífico, ameaçadas pela elevação do nível do mar.

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