PIB foi bom. Falta investir - ALBERTO TAMER
Política

PIB foi bom. Falta investir - ALBERTO TAMER



O Estado de S.Paulo - 02/09


Agosto veio como se esperava, um PIB de 0,4% e decisões importantes do governo que, se complementadas rapidamente, podem dar inicio à recuperação nos próximos meses. Vieram mais desonerações tributárias para vários setores, como indústria automobilística, que evitou uma queda maior do PIB industrial, linha branca, e equipamentos. Mais significativo foi o estímulo para a construção civil, grande empregadora de mão de obra e matérias-primas, que vinha desacelerando.

O que falta. De tudo o que foi previsto, ficam para este mês a desoneração da folha de pagamento para mais setores e a redução de impostos que incidem sobre o custo da energia elétrica, medidas que a presidente promete para as próximas semanas. Um sinal positivo é que o governo reservou R$ 1,5 bilhão no orçamento de 2013 para novas desonerações. Dinheiro carimbado, diz o ministro da Fazenda. Isso a redução de juros negativos do BNDES para alguns tipos de financiamento de 2,5% e uma taxa media real, sem inflação de 2%.

Tudo mudou. Pode-se dizer que agosto foi o mês em que a política econômica do governo mudou para melhor. O fato mais significativo foi a decisão de retomar as privatizações abrindo espaço para o setor privado investir em áreas da infraestrutura até agora sob o domínio inoperante do Estado. Não foi apenas um passo ou uma leve mudança; foi um grande passo que o governo hesitava em dar. Falta agora complementá-los agilizando as licitações. Se há alguma critica, é porque não vieram antes.

Investimento segura PIB. Aqui, o desafio. O setor privado não reagiu ainda às melhores condições de financiamento, crédito, juros e câmbio. Não voltou a investir. O PIB do segundo trimestre do ano, mais 0,4% em comparação com o anterior (0,1%), apresenta um indicador grave e inquietante: a formação brutal de capital, recuou - caiu! - 0,7% no segundo trimestre sobre um resultado também negativo nos três primeiros meses do ano. Recuou de 18,7% no primeiro trimestre para 17,9% no segundo. Em 2011, chegou a 20%. E vem recuando há três trimestres sem sinais de reversão.

Para a presidente, "neste momento uma das nossas maiores preocupações é ampliar o nível de investimento principalmente em infraestrutura." Sem investimento, não há crescimento, que vem sendo sustentado pela demanda interna ainda vigorosa, sem pressionar a inflação, que está dentro da meta.

O PIB da industria, que representa 27% do valor adicionado total, recuou 2,5% no segundo trimestre, a maior queda desde 2009. Estima-se que o desempenho do segundo trimestre tirou 1,5 ponto porcentual do PIB. Não se poderá contar com esse setor pelo menos nos próximos seis meses. A reação deve ser lenta porque a economia mundial continuará crescendo apenas em torno de 2%. Resta ao governo intensificar os estímulos agora iniciados, admitindo de uma forma direta ou não um superávit menor que 3,1%. Para o mercado, deve ficar em 2,8%, o que será possível com a redução do custo da dívida interna, decorrente da menor taxa de juros, o equilíbrio fiscal e a dívida liquida interna em torno de 32%.

E o governo está fazendo isso. Ainda agora, aumentou capital da Caixa Econômica e do BNDES para investimentos de médio e longo prazo. E é também o que está na proposta orçamentaria de 2013 e o ministro sinalizam. Para Mantega, o governo "continuará perseguindo a meta (fiscal) cheia, porém se for necessário, vamos abatê-la." Mas é preciso ter também a colaboração dos Estados e Municípios, que estão recebendo um forte estímulo do governo.

PIB foi bom. Não porque poderia ter sido pior, mas porque o trimestre se encerrou com resultado melhor do que se esperava com um crescimento anualizado de 4%. Para o ministro, essa não é uma previsão, é meta que o governo está seguindo. Mas esse resultado vai depender em muito do cenário externo, que não anima. Agosto, as promessas foram cumpridas e a economia entrando em setembro no caminho certo. Juros menores, baixo desemprego, espaço monetário e fiscal, dívida pública recuando, inflação na meta. Mas o desafio maior que ainda resta é evitar o inaceitável, que a taxa de investimento continua recuando para menos de 17%. E a realidade é que isso só cai depender agora do governo que promete um setembro melhor.



loading...

- O Humor Negro Do Bc Editorial Estadão
O Estado de S.Paulo - 28/09A economia vai mal, a recuperação será lenta e os juros poderão continuar sem aumento até o fim do próximo ano, segundo as novas previsões e indicações do Banco Central (BC) em seu relatório trimestral de inflação....

- Poupar Menos Para Crescer - Alberto Tamer
O Estado de S.Paulo - 06/09 A economia dá sinais de reagir aos primeiros estímulos tributários do governo, que já aceita um superávit primário menor. Vai poupar menos e investir mais, transferindo receita para o setor privado que ainda vacila....

- Agora, é Pensar Em 2013 Alberto Tamer
O Estado de S. Paulo - 23/08/2012  E agosto caminha para a última semana do mês. Faltam quatro meses para terminar o ano e a economia continua recuando apesar dos novos estímulos do governo que só irão ser sentidos em 2013. É essa a leitura...

- Pacote é Bom Se Vier Mais - Alberto Tamer
O Estado de S.Paulo - 16/08 O governo anunciou ontem medidas que preveem investimentos privados em transporte, ferrovias, portos, rodovias, da ordem de R$ 133 bilhões, dos quais cerca de R$ 90 bilhões em cinco anos. O mercado não se desiludiu porque...

- Pib Recua E Governo Se Atrasa - Alberto Tamer
O Estado de S.Paulo - 03/06 Esperava-se um PIB no trimestre de 0,5% sobre o anterior e veio 0,2% . Em 12 meses, apenas 1,9%. E nada indica que tenha havido sinais de recuperação em maio. Não há dúvida de que as medidas adotadas até agora para estimular...



Política








.