A Semana Economia
A maior e mais inovadora montadora japonesa
anuncia seu primeiro prejuízo operacional desde
que começou a publicar balanços, em 1941
Katsumi Kasahara/AP |
Na curva |
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A Toyota é um exemplo de produtividade. Um carro fabricado pela montadora japonesa nos Estados Unidos apresenta metade dos problemas e tem custo 40% inferior ao de suas concorrentes americanas – a General Motors, a Chrysler e a Ford, todas à beira da falência. Enquanto a Toyota mantém gastos trabalhistas baixos, por meio de acordos sindicais flexíveis, o peso dos planos de saúde e das aposentadorias da GM, a maior fabricante do mundo, chega a 2.000 dólares por carro vendido. A diferença é tão grande que a montadora americana praticamente paga para o consumidor comprar seus carros. Por causa da eficiência da Toyota, acreditava-se que ela e seus acionistas estivessem protegidos contra a crise econômica que devasta o comércio mundial desde setembro passado. Não estão. Na segunda-feira, a diretoria da Toyota anunciou que a companhia deverá fechar as contas no vermelho pela primeira vez desde 1941, quando começou a divulgar resultados financeiros. O tamanho do rombo de suas operações (déficit operacional) está estimado em 1,7 bilhão de dólares para o período fiscal que vai de abril deste ano a março de 2009.
Os problemas da Toyota resultam de dois fatores. A empresa calcula vender 15% menos carros no mundo até os primeiros meses do ano que vem (num total de 7,5 milhões de unidades). A maior queda já ocorre no mercado americano, tradicionalmente o mais rentável para as montadoras japonesas. Em novembro, as vendas da Toyota nos Estados Unidos caíram 34%. Seus concorrentes também sofreram um baque no maior mercado consumidor do mundo. O balanço da Toyota foi abalroado, ainda, pela valorização de 27% do iene com relação ao dólar desde dezembro de 2007. Um iene mais forte reduz contabilmente as receitas em moeda estrangeira.
Para combater a crise, a Toyota anunciou medidas drásticas de contenção de gastos. Vai adiar a construção de novas fábricas nos Estados Unidos, reduzir o número de turnos em algumas de suas fábricas e cortar o consumo de energia elétrica. Esse ajuste da montadora, que havia quase uma década batia recordes de vendas, é um indício de que, quando uma crise bate fundo, seus efeitos deletérios não se limitam a companhias improdutivas. Todos os fabricantes sofrem, sejam eles eficientes ou não. Em momentos como este, no entanto, é a produtividade que permite a uma empresa retrair-se em vez de seguir para o cadafalso da falência. "Se a Toyota não tivesse custos de produção menores que os dos concorrentes, seus prejuízos poderiam ser devastadores", diz o consultor André Beer.